Essa não é a primeira vez que o movimento negro participa de maneira coesa de manifestações contra as reformas econômicas do presidente Michel Temer.
Texto / Pedro Borges
Foto / Pedro Borges
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No dia 30 de Junho, sexta-feira, centrais sindicais organizam uma greve geral contra as reformas trabalhista e da previdência propostas por Michel Temer. Os manifestantes pedem também a saída do atual presidente, envolvido em casos de corrupção.
O ato conta com a participação do movimento negro, que se reúne a partir das 16h no vão livre do MASP, Avenida Paulista. A presença é articulada pela Frente Alternativa Preta (FAP), entidade responsável por mobilizar o movimento negro na greve geral de 28 de Abril, 21 de Maio e nas vigílias por Rafael Braga, em 24 de Abril e 4 de Maio.
Junior Rocha, idealizador do portal Agenda Preta e integrante da FAP, destaca a importância do movimento negro acompanhar de maneira organizada os protestos contra as reformas trabalhista e da previdência.
“A população preta é a que tem os piores salários e as piores condições de trabalho. Somos os mais afetados pelo desemprego e pela terceirização e seremos os mais afetados pelas reformas propostas pelo governo golpista de Temer. Assim sendo, é fundamental que não só o movimento negro, mas o povo negro em geral adote uma posição frente a essas questões”, afirma Junior.
Para ele, a conjuntura política, na sua pior fase desde a redemocratização, é caracterizada por uma retirada em série de direitos sociais, como a aprovação da PEC do Teto dos Gastos Públicos, que congela por 20 anos o aumento dos investimentos sociais. Diante dessa situação, Junior acredita ser necessária a mobilização popular nas ruas do país.
Frente Alternativa Preta
Criada em 2017, a organização busca reunir diferentes ativistas e entidades do movimento negro afim de possibilitar um posicionamento sólido diante da conjuntura política nacional. A Frente reúne desde cursinhos populares, coletivos de bairros, estudantes, até artistas e intelectuais, o que a caracteriza como uma organização diversa.
Além de aumentar o poder de mobilização do movimento negro nos debates políticos do país, Junior Rocha acredita que a organização pode também questionar a estrutura dos partidos brasileiros. Mesmo no campo da esquerda, Junior detecta uma incompatibilidade entre a classe trabalhadora, de maioria negra, e a coordenação dos partidos, composta na maioria por brancos.
“Infelizmente a composição racial do Brasil não se reflete nas direções da maior parte das entidades que buscam organizar a classe e isso se deve ao racismo estruturante em nossa sociedade”, afirma Junior Rocha.