PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MPF investiga mudanças nas políticas da Meta por possíveis violações de direitos da população LGBTQIAPN+

Alterações nas Diretrizes de Comunidade permitem associações entre identidade de gênero e "doenças mentais" e gera preocupação com discursos de ódio
A imagem mostra o logotipo da Meta exibido em um smartphone. A empresa é questionada pelo Ministério Público Federal sobre alterações nas Diretrizes de Comunidade que abrem brechas para violações dos direitos da população LGTBQIAPN+.

A imagem mostra o logotipo da Meta exibido em um smartphone. A empresa é questionada pelo Ministério Público Federal sobre alterações nas Diretrizes de Comunidade que abrem brechas para violações dos direitos da população LGTBQIAPN+.

— Kirill Kudryavtsev/AFP

17 de janeiro de 2025

O Ministério Público Federal (MPF) no Acre instaurou um inquérito civil público para apurar se as recentes mudanças anunciadas pela Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, violam os direitos da população LGBTQIAPN+, com destaque para a comunidade trans. O objetivo é investigar se as novas diretrizes da empresa deixam essa população mais exposta a discursos de ódio e violência.

Entre as alterações, as Diretrizes de Comunidade da Meta passaram a permitir postagens que associam orientações sexuais ou identidades de gênero a “doenças mentais”. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Além disso, a empresa flexibilizou a moderação de conteúdos que anteriormente poderiam ser classificados como discurso de ódio, ajustando os filtros automáticos e substituindo a checagem independente de publicações por um sistema de Notas da Comunidade, onde os próprios usuários indicam possíveis problemas.

Solicitações à Meta

O MPF requisitou informações ao escritório da Meta no Brasil, que tem 20 dias para responder. O órgão questiona as razões para retirar a proteção explícita às pessoas LGBTQIAPN+ nas diretrizes e quais medidas serão adotadas para combater a LGBTIfobia, reconhecida como crime equiparado ao racismo no Brasil.

A investigação foi aberta após uma representação feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que manifestou preocupação com o aumento da vulnerabilidade das comunidades trans e travestis às práticas transfóbicas nas plataformas da Meta.

Preocupações levantadas

Segundo a Antra, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, o que reforça a urgência em combater discursos de ódio on-line que possam potencializar a violência. A entidade criticou a Meta por falhas na moderação de conteúdo e omissões no combate à transfobia e apontou que as mudanças podem ser interpretadas como um retrocesso.


Lucas Costa Almeida Dias, procurador regional dos direitos do cidadão do MPF no Acre, destacou em nota que o inquérito busca esclarecer o impacto das novas políticas da Meta sobre a segurança de populações vulneráveis e garantir o cumprimento da legislação brasileira que protege os direitos da comunidade LGBTQIAPN+.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano