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Mulheres negras, em todas faixas etárias, são as maiores vítimas de estupro no Brasil

Pesquisa aponta que crianças e adolescentes negras correspondem a 40% das vítimas de violência sexual no país
A imagem mostra a silhueta de uma criança negra atrás de uma porta de vidro. Segundo estudo do Insper, crianças e adolescentes negras são as principais vítimas de estupro no Brasil.

Foto: Marcelo Casal/Agência Brasil

2 de julho de 2024

Crianças e adolescentes negras representam cerca de 40% dos casos registrados de estupro no Brasil, o dobro da incidência entre as meninas brancas, apesar de constituírem apenas 13% da população, segundo o Censo 2022 do Instito Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados provêm de um estudo do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, baseado nos registros do Sistema Nacional de Atendimento Médico do Ministério da Saúde.

O material, conduzido pelos pesquisadores Alisson Santos, Daniel Duque, Fillipi Nascimento e Michael França, revela que seis em cada dez registros de estupro no país envolvem meninas com menos de 18 anos. Além disso, a proporção de mulheres pretas e pardas de todas as faixas etárias vítimas de crimes sexuais tem aumentado nos últimos anos.

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A maior parte das vítimas de estupro tem entre 11 e 17 anos, representando 39,2% dos casos. Entre as crianças e adolescentes, cerca de 50% dos agressores pertencem ao círculo de convívio familiar da vítima.

No primeiro ano analisado pelos pesquisadores, 2010, três em cada dez vítimas de estupro eram crianças e adolescentes negras. Em 2022, o número passou para quatro em cada dez. As meninas brancas, por sua vez, são 20% das vítimas: duas em cada dez.

Entre pessoas maiores de idade, as mulheres negras são a maior parte das vítimas em todas as faixas etárias, em uma proporção de dois para um em relação às mulheres brancas.

O estudo também mostra um aumento significativo de denúncias de casos por vítimas negras de 2010 a 2022, número esse maior do que em outros grupos sociais. O total de registros de estupro no país passou de 7.617 para 39.661 nos anos mencionados. As mulheres negras eram 48,4% das vítimas em 2010 e passaram a ser 60% em 2022, enquanto as brancas passaram de 38,1% para 33,3%.

Quando analisadas apenas crianças e adolescentes, a diferença racial é ainda mais acentuada. Nesta faixa etária, as vítimas negras eram 50,6% do total em 2010, enquanto as brancas representavam 34,6%. Em 2022, pretas e pardas passaram a ser 61,9% e as brancas, 30,8%.


O texto contém informações da Folha de São Paulo.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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