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Mulheres negras são as maiores vítimas de violência doméstica na Bahia, aponta estudo

Levantamento do Tribunal de Justiça detalha perfil das vítimas e agressores, padrões da violência e impacto na vida das mulheres
Imagem de uma mulher negra. Segundo um estudo do Tribunal de Justiça da Bahia, as mulheres negras são as principais vítimas de violência doméstica no estado.

Imagem de uma mulher negra. Segundo um estudo do Tribunal de Justiça da Bahia, as mulheres negras são as principais vítimas de violência doméstica no estado.

— Reprodução/Datasenado

8 de março de 2025

Um estudo do Grupo de Pesquisas Judiciárias (GPJ) do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) revelou que a violência doméstica no estado atinge, majoritariamente, mulheres negras. Entre os casos analisados, 86,46% das vítimas se autodeclararam pretas ou pardas. A faixa etária mais afetada está entre 30 e 39 anos, e mais da metade das mulheres agredidas têm filhos em comum com os agressores.

A pesquisa analisou 44.304 processos de Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) registrados no TJBA entre 2020 e 2022, sendo que uma amostra aleatória de 380 processos foi examinada em 112 comarcas do estado. O estudo buscou identificar padrões nos casos, incluindo perfis de vítimas e agressores, circunstâncias dos crimes e fatores que influenciam a reincidência.

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Perfil das vítimas e impacto da violência doméstica

O levantamento revelou que, além da predominância de mulheres negras entre as vítimas, grande parte delas possui baixa escolaridade e trabalha no setor informal, o que agrava a vulnerabilidade social. Em muitos casos, as vítimas dependem financeiramente dos agressores, dificultando a denúncia e a busca por proteção.

A violência ocorre principalmente à noite e nos fins de semana, momentos em que os agressores passam mais tempo em casa. Além disso, a maioria dos casos está associada a relacionamentos passados, sendo motivada, muitas vezes, por tentativas de separação ou término da relação.

O estudo apontou que 67,42% das vítimas já haviam sido agredidas anteriormente pelo mesmo agressor, demonstrando a reincidência da violência doméstica. Entre os tipos de agressão mais comuns estão a violência psicológica (como ameaças e humilhações), seguida da violência física e patrimonial.

Perfil dos agressores e reincidência

Os supostos agressores também são, em sua maioria, negros (86,29%) e têm idade entre 40 e 49 anos. O levantamento mostrou que muitos trabalham como autônomos ou em atividades informais, o que dificulta o cumprimento de medidas protetivas que envolvem pagamento de pensões ou afastamento do lar.

O estudo destaca o número de reincidências: 53,67% dos agressores já haviam sido denunciados anteriormente por violência doméstica, e, mesmo após a concessão de medidas protetivas, 41,21% voltaram a cometer agressões contra as mesmas vítimas.

Medidas protetivas e desafios na aplicação da lei

O estudo revelou que as Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) são frequentemente solicitadas pelas vítimas, mas encontram desafios na implementação. Em 77,3% dos casos, as mulheres conseguiram deferimento da MPU, mas em 22,7% houve negativa ou ausência de resposta rápida, expondo as vítimas a novos episódios de violência.

Os pedidos de prisão preventiva foram feitos em 20% dos casos analisados, mas apenas 7% foram concedidos. O descumprimento das medidas protetivas pelo agressor é frequente, evidenciando a dificuldade de fiscalização e o risco contínuo para as vítimas.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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