As costureiras autônomas, conhecidas por seus serviços de conserto em geral, desempenham um papel fundamental na moda e nas comunidades locais. Em uma iniciativa para mapear suas necessidades, desafios e oportunidades, a Aliança Empreendedora, em parceria com a Coalizão de Moda Justa Sustentável, conduziu uma pesquisa nacional sobre a realidade dessas profissionais.
A pesquisa, realizada em duas fases, combinou questionários quantitativos e qualitativos para coletar dados de 140 participantes de 21 estados brasileiros, com maior concentração na região Sudeste. Na primeira fase, 78% das costureiras se autodeclararam negras, enquanto na fase qualitativa, todas se identificaram como negras. A maioria das participantes tem entre 39 e 48 anos, 41% possuem ensino médio completo, 42% são solteiras e 77% são mães.
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Os dados revelam um cenário desafiador: 69% das costureiras se sentem sobrecarregadas, com 43% trabalhando diariamente e 65% atuando sozinhas. Além disso, metade das entrevistadas relatou problemas de saúde relacionados ao trabalho. A informalidade é predominante, com 62% das participantes não formalizadas e 90% trabalhando e morando no mesmo local.
Apesar das adversidades, 90% das costureiras afirmam trabalhar por amor à profissão, com 71,2% dizendo que a costura é uma necessidade financeira e uma paixão. No entanto, a renda é baixa: 62% ganham menos de um salário-mínimo (R$ 1.412) e 85% estão abaixo da faixa salarial de uma costureira em regime CLT. Para 46% das entrevistadas, a costura é uma importante fonte de renda familiar, sendo a única para quase 22%.
Costureiras sonham em ter o próprio ateliê
A pesquisa destaca a resiliência dessas mulheres, com 97,5% tendo sonhos como costureiras, principalmente de ter o próprio ateliê. Para alcançar esse objetivo, 83% buscam capacitação em gestão de negócios e 91% em técnicas de costura, preferindo recursos online.
A presidente da Aliança Empreendedora, Cristina Filizzola, ressalta a importância de políticas públicas e apoio institucional para essas mulheres. “É crucial olhar para essas profissionais que, muitas vezes, trabalham em condições inadequadas, são invisibilizadas e pouco valorizadas. Fortalecer instituições locais gerenciadas por mulheres pode contribuir para uma agenda de participação cidadã plena e emancipatória”, disse em comunicado para a imprensa.