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Negros com deficiência sofrem com falta de acessibilidade e discriminação racial no ambiente escolar, diz pesquisa

A falta de ambientes acessíveis foi um dos principais problemas mencionados por estudantes
Imagem mostra um menino negro com deficiência auditiva realizando uma tarefa escolar.

Imagem mostra um menino negro com deficiência auditiva realizando uma tarefa escolar.

— Reprodução

11 de junho de 2024

Uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP) apontou casos de discriminação racial e capacitismo na educação escolar de pessoas negras com algum tipo de deficiência no ensino público.

Apesar da acessibilidade ser um direito garantido por lei para as pessoas com deficiência, a falta de ambientes acessíveis foi um dos principais problemas citados por estudantes de escolas públicas. 

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Os alunos entrevistados também relataram casos de discriminação racial e capacitismo dentro da escola, e segundo eles, em nenhum momento houve intervenção da escola para lidar com a situação.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 25,6% das pessoas com deficiência de 25 anos ou mais tinham finalizado pelo menos o ensino médio. Já para as pessoas sem deficiência, a taxa era de 57,3%.

Para entender o processo de escolarização de pessoas negras com deficiência, Georgton Anderson da Silva, autor da pesquisa, fez entrevistas com pessoas negras que já haviam concluído o ensino médio e moram em São Paulo ou na região metropolitana.

Com base nessas informações, Silva selecionou três pessoas negras com deficiência, que tiveram a identidade preservada para serem entrevistadas. A pesquisa trouxe os relatos de Carolina, Jeferson e Luís, pessoas com deficiência visual, mobilidade reduzida e autismo, respectivamente.

O estudo aponta que, no caso de Jeferson, a discriminação partiu da própria instituição de ensino. O estudante era impedido de participar de atividades por ser uma pessoa cadeirante e enfrentou resistência da diretoria quando tentou fazer mobilizações para a construção de uma rampa de acessibilidade.

“Uma das consequências da falta de acessibilidade é a saída do ambiente escolar. A falta de estrutura e a discriminação criam um cenário hostil para estudantes negros com deficiência”, aponta a publicação.

Outro ponto mencionado na pesquisa foi a questão do apoio psicológico para pessoas neurodivergentes. No caso de Luís, homem negro dentro espectro autista, esse auxílio foi inexistente. Antes de obter o laudo de autismo, os professores não se preocupavam com ele, o que dificultou seu desempenho escolar.  

Para conferir os relatos na íntegra, acesse a publicação da pesquisa.

Com informações do texto de Gabriela Varão do Jornal da USP.

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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