Uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP) apontou casos de discriminação racial e capacitismo na educação escolar de pessoas negras com algum tipo de deficiência no ensino público.
Apesar da acessibilidade ser um direito garantido por lei para as pessoas com deficiência, a falta de ambientes acessíveis foi um dos principais problemas citados por estudantes de escolas públicas.
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Os alunos entrevistados também relataram casos de discriminação racial e capacitismo dentro da escola, e segundo eles, em nenhum momento houve intervenção da escola para lidar com a situação.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 25,6% das pessoas com deficiência de 25 anos ou mais tinham finalizado pelo menos o ensino médio. Já para as pessoas sem deficiência, a taxa era de 57,3%.
Para entender o processo de escolarização de pessoas negras com deficiência, Georgton Anderson da Silva, autor da pesquisa, fez entrevistas com pessoas negras que já haviam concluído o ensino médio e moram em São Paulo ou na região metropolitana.
Com base nessas informações, Silva selecionou três pessoas negras com deficiência, que tiveram a identidade preservada para serem entrevistadas. A pesquisa trouxe os relatos de Carolina, Jeferson e Luís, pessoas com deficiência visual, mobilidade reduzida e autismo, respectivamente.
O estudo aponta que, no caso de Jeferson, a discriminação partiu da própria instituição de ensino. O estudante era impedido de participar de atividades por ser uma pessoa cadeirante e enfrentou resistência da diretoria quando tentou fazer mobilizações para a construção de uma rampa de acessibilidade.
“Uma das consequências da falta de acessibilidade é a saída do ambiente escolar. A falta de estrutura e a discriminação criam um cenário hostil para estudantes negros com deficiência”, aponta a publicação.
Outro ponto mencionado na pesquisa foi a questão do apoio psicológico para pessoas neurodivergentes. No caso de Luís, homem negro dentro espectro autista, esse auxílio foi inexistente. Antes de obter o laudo de autismo, os professores não se preocupavam com ele, o que dificultou seu desempenho escolar.
Para conferir os relatos na íntegra, acesse a publicação da pesquisa.
Com informações do texto de Gabriela Varão do Jornal da USP.