Em 2024, as lideranças negras e indígenas do Estado Brasileiro chegaram a 39% dos cargos devido a ações afirmativas. As informações são do estudo “Lideranças Negras no Estado Brasileiro” (1995 e 2024), produzido pelo Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, gênero e Justiça (Afro-cebrap), com o apoio da fundação Lemann e Imaginable Futures.
O relatório lançado nesta sexta-feira (28) tem como principal objetivo entender as trajetórias das pessoas negras que estão em cargos de liderança na gestão pública federal, usando dados do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape).
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No documento, a pesquisa analisa os últimos 25 anos de gestões presidenciais. Ao todo, foram entrevistadas 20 pessoas, sendo dez homens e dez mulheres, com idades entre 31 e 61 anos, todos agentes públicos ocupantes de cargos ministeriais e em empresas públicas.
Segundo os dados da pesquisa, os estudos mostram que a lei de cotas teve um efeito positivo na participação de negros no serviço público federal, aumentando de 32% para 37,6% na administração direta e de 25,8% para 33,5% nas autarquias. No entanto, essa maior participação não necessariamente se reflete em cargos maiores.
Em 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), homens negros ou indígenas ocupavam 13% dos cargos de liderança no Poder Executivo, enquanto mulheres negras ou indígenas representavam 9%. Juntos, esses grupos somavam 22% das posições de liderança. Nesse período, os homens brancos estavam em 37% dos cargos, enquanto as mulheres brancas ocupavam 29%.
Já no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no ano passado, o quadro mudou. Homens negros ou indígenas passaram a ocupar 24% dos cargos de liderança, enquanto as mulheres negras ou indígenas ocupavam 15%. As mulheres brancas ocupam agora 26% das posições, e os homens brancos mantêm a maior representação, com 35%.
“Quanto mais alta a posição do cargo, menor a presença de negros e mulheres. Homens brancos predominam no alto escalão e também levam vantagem quando se trata do tempo de permanência nos cargos”, aponta trecho do levantamento.
Os dados mostram que as maiores participações de lideranças pretas, pardas e indígenas entre 24% e 20% foram nas áreas de Defesa, Cultura, Povos Indígenas, Esporte, Educação e Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
A presença de pessoas negras em posições de poder no Estado brasileiro apresentou uma pequena mudança, no entanto, o predomínio de homens brancos permanece em todos os setores.