De acordo com a pesquisa “O Custo da Desigualdade Racial”, produzido pelo Núcleo de Estudos Raciais (NERI) do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), no Brasil, trabalhadores negros receberiam cerca de R$ 103 bilhões a mais se tivessem salários, condições trabalhistas e taxas de emprego semelhantes aos dos brancos.
O recorte em questão considera a massa salarial em grande escala e analisa a soma dos rendimentos de todos os trabalhadores, taxa de desemprego e participação no mercado. Deste total, o levantamento estima que R$ 14 bilhões do valor perdido podem ser atribuídos diretamente a discriminação no mercado de trabalho.
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O estudo indica que, dos R$ 103 bilhões de massa salarial perdidos pela desigualdade racial, R$ 62 bilhões se referem a parte de homens negros e R$ 41 bilhões às mulheres negras.
Segundo o Neri, em 2024, os homens brancos formaram o grupo com a maior massa salarial, acumulando cerca de R$ 100 bilhões. O segundo maior montante ficou com os homens negros, totalizando R$ 77 bilhões. Mulheres brancas possuíram uma massa salarial de R$ 63 bilhões, enquanto as negras aparecem com a menor quantia, deR$ 44 bilhões.
Neste ano, o salário médio de um funcionário negro chegou a ser 42% menor do que o de brancos, com valores respectivos de R$ 2.858 e R$ 4.956. Para as mulheres negras, a diferença salarial comparado com colaboradoras brancas foi de 40%, com valores de R$ 2.858 e R$ 4.956.
“Da diferença salarial entre homens, estimamos que R$ 328,11 ocorre em função da discriminação. Entre mulheres, esse número é de R$ 295,86. As diferenças restantes estão associadas a outros fatores ligados às características dos trabalhadores, como educação, tipo de emprego e local de moradia”, explica trecho da pesquisa.
Ainda no campo da remuneração, o estudo indica que 50% da parcela de brasileiros com menores salários (de até R$ 150) é composta por mulheres negras, enquanto homens brancos ocupam 10% dessa classe. Porém, se considerados os 1% de trabalhadores com os maiores salários (acima de R$ 20 mil), homens brancos ocupam 56% desta posição, enquanto mulheres negras figuram com somente 4%.
A disparidade de raça e gênero também são visíveis nas chances de conseguir um emprego. Enquanto a taxa nacional de desemprego foi de 5,35% em 2024, homens brancos registraram uma porcentagem inferior, de 3,5%. Mulheres negras, por sua vez, registraram a maior taxa, com 7,95%, quase três pontos percentuais acima da média. Homens negros obtiveram o índice de 4,77% e mulheres brancas de 5,35%.