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ONU alerta que pobreza e precariedade no trabalho triplicam risco de transtornos mentais

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta impacto das condições econômicas e sociais na saúde mental global e faz apelo por políticas de trabalho e proteção social mais justas
Moradores de rua ao lado de um acampamento em Skid Row, centro de Los Angeles, Califórnia, em 26 de julho de 2024. Segundo relatório da ONU, precariedade no trabalho e condições de pobreza triplicam as chances de uma pessoa desenvolver transtornos mentais.

Foto: Apu Gomes/AFP

25 de outubro de 2024

A precariedade no trabalho e as condições de pobreza aumentam em até três vezes a possibilidade de uma pessoa desenvolver transtornos mentais, segundo o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Pobreza Extrema e Direitos Humanos, Olivier De Schutter. O relatório “A economia do ‘burnout‘: pobreza e saúde mental”, apresentado na quinta-feira (24) na Assembleia Geral das Nações Unidas, alerta que os transtornos mentais derivados da pobreza são um obstáculo significativo para superá-la.

“O trabalho precário agrava ainda mais a saúde mental, devido à insegurança, falta de negociação, salários injustos e horários imprevisíveis, que comprometem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, destacou De Schutter, recomendando “proteções legais” para garantir condições dignas de trabalho e salários, além de políticas que ofereçam renda básica e acesso facilitado a áreas verdes.

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Segundo o relatório, mais de 970 milhões de pessoas — 11% da população mundial — sofrem de algum transtorno mental, com destaque para os 280 milhões que enfrentam a depressão e 301 milhões com ansiedade. A taxa de suicídio atinge 700 mil casos anuais, sendo a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Nos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de um terço a metade dos pedidos de auxílio por invalidez estão ligados a questões de saúde mental, índice que chega a 70% entre jovens adultos. Durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19, os transtornos mentais cresceram em 25%, e, segundo o relatório, geram perdas econômicas de mais de um trilhão de dólares ao ano, algo próximo de 5,7 bilhões de reais.

O relatório também recomenda que governos adotem “proteções legais” para assegurar condições dignas de trabalho, salários justos, uma renda básica incondicional e ampliação da proteção social. O relator sugere ainda desestigmatizar os transtornos mentais e facilitar o acesso a espaços verdes.

Conforme o documento, a “obsessão pelo crescimento econômico” tem criado uma “economia de esgotamento”, beneficiando uma elite e adoecendo milhões. O foco no aumento do PIB “a qualquer custo” está gerando uma crise de saúde mental entre os mais pobres, conclui De Schutter.

Texto com informações da Agence France-Presse.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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