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PA: Justiça proíbe demolições e invasões em territórios quilombolas de Barcarena

Município da região metropolitana de Belém pode enfrentar multa diária e penalidade de R$ 300 mil caso desrespeite decisão judicial sobre comunidades tradicionais
Imagem de uma das comunidades quilombolas no município de Barcarena, região metropolitana de Belém, no Pará, demolido. A Justiça Federal determinou multa ao município em caso de reincidência de violações nos territórios quilombolas na região.

Imagem de uma das comunidades quilombolas no município de Barcarena, região metropolitana de Belém, no Pará, demolido. A Justiça Federal determinou multa ao município em caso de reincidência de violações nos territórios quilombolas na região.

— João Paulo Guimarães/FASE

11 de julho de 2024

A Justiça Federal determinou que o Município de Barcarena, no Pará, está proibido de realizar invasões e demolições de imóveis nas comunidades quilombolas de São Lourenço, São João, Cupuaçu, Burajuba e Sítio Conceição. A decisão foi tomada em resposta a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) e estabelece uma multa diária de R$ 500 para o Município em caso de descumprimento, além de uma multa de R$ 300 mil para o responsável pelo ato ilegal, equivalente a 20% do valor da causa de R$ 15 milhões.

A medida segue uma liminar concedida em maio, que havia determinado a suspensão imediata da emissão de títulos individuais de imóveis nas comunidades quilombolas sem o consentimento prévio, livre e informado delas. Contudo, em 25 de junho, a Associação Quilombola de São Sebastião do Burajuba denunciou que agentes públicos demoliram 70 casas de madeira e nove de alvenaria, além de muros de proteção, e removeram os moradores de forma violenta, apesar da decisão judicial contrária.

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Segundo a denúncia, a ação foi realizada com o apoio das polícias Militar e Civil e os moradores foram notificados de forma irregular para desocupar a área em 15 dias. O MPF criticou o “total despreparo” das autoridades, destacando que a abordagem foi marcada por abusos e violação dos direitos dos quilombolas, além de afetar outras comunidades quilombolas da região, criando um clima de tensão.

Além disso, o MPF apontou a violação da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), destacando que a reintegração de posse ilegal não só infringiu os direitos individuais das vítimas, mas também afetou coletivamente as comunidades quilombolas.

A decisão liminar de maio também determinou que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) conclua a elaboração dos Relatórios Técnicos de Identificação e Demarcação (RTID) para as cinco comunidades dentro de um ano. O processo de regularização, que teve início em 2016, ainda está na fase inicial de documentação e laudos, enquanto a União transferiu em 2018 uma área de 7,7 milhões de metros quadrados ao município de Barcarena, sobrepondo-se aos territórios reivindicados pelos quilombolas.

O MPF argumenta que a cessão dessa área e seu uso para regularização fundiária municipal são irregulares e violam os direitos das comunidades tradicionais, que vivem sob constante ameaça de perda de seus territórios.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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