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Podcast dá visibilidade a casos de pessoas negras presas por reconhecimento facial

A apresentadora Lu Paladino e as pessoas entrevistadas questionam o racismo estrutural no método de reconhecimento fotográfico que vem sendo questionado internacionalmente
Imagem mostra duas pessoas negras na apresentação de um podcast.

Foto: Divulgação

9 de novembro de 2024

A segunda temporada do podcast “Depois da cancela” traz histórias sobre prisões injustas. Apresentado por Lu Paladino, mulher que teve seu sobrinho de 19 anos preso injustamente e lutou para provar sua inocência, o programa também conta com episódios sobre prisões injustas a partir de reconhecimento facial equivocado.

Durante as conversas, Lu e as pessoas entrevistadas questionam o racismo estrutural no método de reconhecimento fotográfico que vem sendo questionado internacionalmente.

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“O que eu ouvi e não importa o tempo, se foram quatro dias ou dois anos, causa alguma coisa. O Luiz Justino falou de quatro dias, mas parece que foram 40 anos. Para cada um, a prisão causa um impacto. E eu fico refletindo sobre como isso vai deteriorando a pessoa e a forma como a pessoa vai se reinserir na sociedade após ser presa por crime que não cometeu”, disse Lu Paladino.

De acordo com relatórios produzidos pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) e pelo Colégio Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege), entre 2012 e 2020 ocorreram 90 prisões injustas por reconhecimento fotográfico, sendo 73 na cidade do Rio de Janeiro.

Do total, 79 encarceramentos traziam informações sobre o perfil racial dos acusados, revelando que 81% deles eram pessoas negras. Devido a recorrência de casos de prisões injustas, em 2023, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou uma lei que impede que o reconhecimento fotográfico seja usado como única prova em pedidos de prisão, baseada na Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 448/22.

A segunda temporada ainda traz entrevista com Kelly Castrioto e Gabriela Castriotto, respectivamente tia e prima de David Nobio da Silva, aluno de odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) que foi baleado em um tiroteio entre policiais e traficantes de drogas. David foi acusado de participar da troca de tiros, e mesmo sendo inocentado posteriormente, faleceu meses depois em decorrência das complicações dos tiros.

O podcast “Depois da cancela” conta com a direção de Juliana Vinuto e Juliana Sanches. A produção foi realizada por Fabrício Basílio e Marcus Vinícius. A gravação, criação de trilha sonora original e a mixagem foram feitas por Rodrigo Solidade do Estúdio Koralab. As duas temporadas estão disponíveis gratuitamente em plataformas de streaming como o Spotify e o Deezer.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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