Contra a laicidade prevista na Constituição e desrespeitando as religiões de matriz africana, o pastor de Igarassu – que continua disseminando discurso de ódio e inverdades sobre os povos de terreiro em suas redes – virou alvo de investigação. Na última segunda-feira (23), depois da pressão do movimentos de terreiro, a Polícia Civil de Pernambuco abriu um inquérito para apurar as denúncias contra o pastor, que usa as redes sociais para proliferar mensagens de ódio contra candomblecistas e ubandistas.
A investigação é resultado das reinvidicações feitas por líderes religiosos, praticantes e ativistas do movimento negro irem às ruas pedir respeito e celeridade na punição do pastor. Só no intervalo de uma semana, duas manifestações foram realizadas em frente ao Museu da Abolição, marco de resistência e resguardo da cultura afro-brasileira. Os encontros foram marcados no último dia 16, com a realização do Ato-Xirê e na Caminhada dos Povos de Terreiro, na última segunda-feira.
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O primeiro caso envolvendo o nome do pastor diz respeito a um vídeo em que ele expôs a imagem de uma ativista trans da cidade de Igarassu a relacionando com satanismo. Mais recentemente, ele apareceu nas redes criticando uma pintura de orixás produzidas por artistas urbanos do Recife no Túnel da Abolição, na região sul. Segundo ele, “um portal de demônios” havia sido aberto.
Uma representação criminal, protocolada pela Rede de Mulheres de Terreiro, já tramita junto ao Ministério Público de Pernambuco. Na quinta-feira (12), a Articulação Negra de Pernambuco (ANEPE) também circulou entre os movimentos sociais um ofício, junto ao mandato do vereador Ivan Moraes (PSOL-PE), que foi encaminhado à Gerente de Igualdade Racial da cidade do Recife, Girlana Diniz. O Movimento Negro Evangélico, o Espaço Cultural das Marias, A Coletiva Periféricas, Dhuzati Antiespecista, Distro Dysca e a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas também integraram o documento.
Sobre o inquérito, a Polícia Civil conta que foi instaurado pela 24ª Circunscrição do Varadouro, em Olinda, sob os comandos do Delegado Vinícius Oliveira. Procurada pela Alma Preta Jornalismo sobre mais informações sobre o status da investigação, até o fechamento da publicação, a coorporação não apresentou respostas.
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