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Polícia, política e intolerância: relembre 5 investigações da Alma Preta em 2024

Ao longo de 2024, o núcleo investigativo da Alma Preta composto exclusivamente por profissionais negros apurou importantes temas relacionados à população negra brasileira
A letalidade da Polícia Militar do Estado da Bahia (PMBA) foi destaque de duas produções especiais da equipe de jornalismo investigativo da Alma Preta.

Foto: Reprodução/Coalizão Negra Por Direitos

12 de dezembro de 2024

Quem são as pessoas mais afetadas pela jornada de trabalho 6×1? Quais os aspectos da letalidade policial no país? Quem se beneficia das fragilidades legislativas? Essas foram algumas das perguntas que o núcleo investigativo da Alma Preta buscou aprofundar ao longo de 2024.

O núcleo, composto por profissionais negros do Sudeste, do Norte e do Nordeste, mergulhou em casos não solucionados e emblemáticos, que se relacionam com os múltiplos contextos vivenciados pela comunidade negra no Brasil.

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A seguir, confira cinco das principais apurações da equipe:

Negros são maioria dos trabalhadores na escala 6 x 1 e têm os menores salários

Lançada no auge da discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) contra a escala de trabalho 6×1, a reportagem expõe o perfil majoritário entre os trabalhadores afetados pela jornada de seis dias consecutivos. 

A partir de uma análise dos dados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a jornalista e mestre em Economia, Camila Rodrigues, conclui que as pessoas negras não só ocupam a maioria dos cargos formais dentro deste regime, como recebem os menores salários no setor.

‘Diante da possibilidade de detenção, optaram pela execução’, avalia perito sobre mortes na Gamboa

Entre os temas analisados, a letalidade da Polícia Militar do Estado da Bahia (PMBA) foi destaque de duas produções especiais. Ambas reportagens, lançadas em julho, apresentam controvérsias no Caso Gamboa.

Alexandre Santos dos Reis, 20, Cléverson Guimarães, 22, e Patrick Sapucaia, 26, foram executados por policiais militares no dia 1º de março de 2022, em Salvador. A narrativa dos PMs acusam os jovens negros de troca de tiros, fato constantemente negado por familiares.

Com a contribuição de Nelson Massini, especialista na área criminológica e pericial, a publicação examinou elementos como o laudo pericial das armas e de necrópsia, que destacaram a ausência de vestígios residuais característicos de tiroteios nos corpos das vítimas.

A segunda reportagem do especial percorre o rastro de um dos armamentos utilizados na execução. Baseado em documentos da Secretaria de Segurança Pública e do Ministério Público da Bahia, o texto expõe que a pistola utilizada na noite do crime pertencia a Felipe Cunha Andrade, policial do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM), na cidade de Camaçari.

Polícia matou apenas negros em 447 cidades brasileiras

O mais recente levantamento da equipe de jornalismo investigativo, disseca a disparidade racial nos índices de mortes cometidas pelas polícias de todas as regiões do Brasil. 

A pesquisa, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) a pedido da Alma Preta, detalha os 447 municípios onde as forças policiais mataram apenas pessoas negras.

Após reportagem da Alma Preta, juiz suspende penhora de terreiro, em Belém

Em abril, a 2ª Vara de Execução Fiscal da Comarca de Belém determinou a penhora da sede de um terreiro de candomblé, sob a alegação de débitos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Somados, os três anos de dívidas totalizavam cerca de R$ 30 mil.

A reportagem expôs os empecilhos burocráticos enfrentados pelo terreiro Manso Massumbando Quem Quem Neta na busca pela imunidade tributária, direito garantido aos templos religiosos pela legislação da cidade.

Após a publicação, a Justiça do Pará suspendeu o processo de apreensão do imóvel. Além da reversão na penhora, em telefonema à Ialorixá Mametu Nangetu, o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), se desculpou pelo transtorno e informou a desistência da cobrança.

O efeito das drogas K: o que se sabe e o que é mistério

Publicada em setembro, a reportagem desmistifica o funcionamento químico da K, nova droga que representa 45% das apreensões da polícia paulista. A matéria ainda traça um perfil dos usuários da cidade de São Paulo, examinando tanto o impacto do uso nas vítimas como a disparidade da narrativa midiática sobre o tema.

Um dos efeitos mais populares da droga é a paralisia dos usuários em posições não convencionais, o que foi cunhado por parte da imprensa como “efeito zumbi”. 

A análise identificou que a maioria das notificações por intoxicação de K não foi registrado na Cracolândia, como foi amplamente noticiado, mas sim nas regiões periféricas do município. A matéria também aponta que os usuários são, majoritariamente, homens negros, cisgêneros e adultos. Apesar do destaque para o grupo social, a droga também possui adeptos da classe média.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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