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Primeira loja exclusiva de bonecas negras do Brasil promove ações de impacto social

Marca criada em 2013 expandiu seus negócios voltados à valorização da identidade negra

30 de agosto de 2019

O desejo de viver em um mundo onde as crianças negras se sintam representadas impulsionou a empresária Jaciana Melquiades a criar a “Era Uma Vez o Mundo”, em 2013.

A primeira loja exclusiva de bonecas negras do Brasil supre a falta de representatividade no mercado de brinquedos. Somente no primeiro semestre deste ano foram comercializadas mais de 1 mil bonecas voltadas para a identificação de crianças negras.

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A campanha “Cadê Nossa Boneca?”, realizada pela ONG Avante, denunciou a falta de representatividade na indústria e no comércio de brinquedos do país. Segundo o levantamento, apenas 6,5% das bonecas fabricadas em 2018 eram negras. De todos os modelos disponíveis para venda na internet, apenas 3% atendiam ao perfil de 55% da população, que se declara negra ou parda.

Para Jaciana Melquiades, os consumidores pressionam o mercado para que a produção de bonecas negras aumente, mas a indústria se recusa a atender essa demanda. “A ‘Era Uma Vez o Mundo’ existe para preencher essa lacuna do comércio”, afirma a empresária.

O trabalho passou a ter mais visibilidade em 2014, após a realização de uma exposição de bonecas inspiradas em 15 mulheres negras que compõem o coletivo Meninas Black Power.

A iniciativa fez a demanda por bonecas personalizadas aumentar. A maior parte dos consumidores são mulheres acima de 25 anos. “Elas nunca tiveram bonecas negras e as encomendam para, de certa maneira, resgatar a representatividade que não tiveram na infância”, conta Jaciana.

Para dar conta do crescimento do negócio, Jaciana Melquiades se inscreveu no programa “Shell Iniciativa Jovem”. A ação promove a geração de trabalho e renda e ajuda empreendedores a desenvolverem suas ideias com soluções criativas para as demandas do mercado.

A “Era Uma Vez o Mundo” ficou em terceiro lugar no projeto como empresa socialmente responsável. “Isso foi muito importante porque passamos a usar o selo da Shell em nossos produtos, o que abriu portas para o nosso trabalho”, destaca a empresária.

Em fevereiro deste ano, a empresa deixou de ser apenas virtual e ganhou uma loja física no centro do Rio de Janeiro. O ateliê permaneceu no bairro Santo Cristo, em torno da favela da Providência, onde vivem as três costureiras que confeccionam as bonecas.

“Essas mulheres realizam a maior parte do trabalho na casa delas para ficarem mais próximas dos filhos. Dessa maneira, elas conseguem dar conta das demandas familiares e das entregas da empresa”, explica Jaciana.

Responsabilidade social

Além dos brinquedos que suprem a falta de produtos voltados para as crianças negras, a “Era Uma Vez o Mundo” oferece a escolas o projeto “Eba”, com brincadeiras originárias da cultura africana. A empresa também realiza oficinas educativas baseadas em seus três livros infantis: “Super Black Power”, “Erê” e “Mariana”. Este último aborda a importância do turbante para a formação da identidade negra.

Em 2017, a Prefeitura do Rio de Janeiro adquiriu os livros para toda a rede de educação infantil. E realizou, junto a “Era Uma Vez o Mundo”, treinamentos com os professores para que eles conseguissem usar os materiais adequadamente.

A partir disso, Jaciana Melquiades teve a ideia de criar um curso para as escolas públicas da baixada fluminense. A iniciativa alcançou 24 mil alunos.

“Eu reuni 60 professores de diferentes cidades e ofereci um kit com nossos livros e o curso de formação. Os educadores criaram uma rede para trocar experiências e se tornaram multiplicadores dentro das escolas que trabalham”, lembra.

“Temos promovido transformações no olhar das pessoas que têm contato com o nosso trabalho e isso é o mais importante”, complementa.

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  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Atua há seis anos na cobertura das temáticas de Diversidade, Raça, Gênero e Direitos Humanos. Em 2023, como editora da Alma Preta, foi eleita uma das 50 jornalistas negras mais admiradas da imprensa brasileira.

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