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Professor de medicina da Unifesp faz declarações racistas e é exposto por alunos

Em áudio publicado nas redes sociais, o docente afirma que o Brasil ‘importou negros atrasados' e que 'se permitiam escravizar'

Texto: Caroline Nunes | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Reprodução/Unifesp

A imagem mostra a fachada da escola de medicina da Unifesp

A imagem mostra a fachada da escola de medicina da Unifesp

28 de junho de 2021

O professor de Medicina Legal da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Henrique Soares, fez declarações racistas contra povos originários e negros escravizados do Brasil durante uma aula e foi exposto por alunos nas redes sociais. Em áudio, divulgado no Instagram, o docente afirma que os colonizadores se depararam com pretos e povos indígenas “culturalmente atrasados”.

“Índio atrasado. Aqui não tinha Inca, não tinha os índios do México. Não tinha Asteca. Nossos índios eram culturalmente atrasados. Ainda ‘importamos’ pretos que também eram atrasados, ou seja, que se permitiam escravizar”, diz o professor.

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Ainda no áudio, o docente da Unifesp afirma que o país recebeu a escória da península ibérica e, graças a isso, houve a miscigenação do povo brasileiro. Termos como “mulato” e “mameluco” são ditos em tom de desprezo. De acordo com os alunos, que preferem não se identificar por medo de represálias, essa não é primeira vez que casos assim acontecem na universidade. Há também relatos de outros professores que criticaram a estética negra e agrediram alunos fisicamente, além de estudantes brancos que pintaram uma aluna negra de branco para dizer que assim ela poderia participar das aulas.

Unifesp se diz comprometida com o combate antirracista

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a Unifesp para repercutir o caso do docente Henrique Soares e também compreender se há um espaço disponível para denúncias e como a instituição pretende se posicionar a respeito.

Em resposta, a universidade afirmou que já recebeu a denúncia e que o caso passa por minuciosa apuração. “Os mecanismos institucionais de averiguação foram imediatamente acionados. Os procedimentos prevêem apuração, amplo direito à defesa e ao contraditório e são feitos por comissão especialmente designada, analisados pela Procuradoria, antes do julgamento, decisão final e aplicação de medidas punitivas previstas em lei”, diz a instituição.

Além disso, a Unifesp salienta ainda que não compactua com qualquer forma de discriminação ou preconceito de gênero, raça, cor, etnia, e religião. “As discriminações por raça são imorais, condenáveis e incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, constituindo-se um obstáculo à cidadania, à consolidação da democracia e ao desenvolvimento social”, pondera.

Medidas punitivas para casos desse tipo, de acordo com o posicionamento, já estão sendo adotadas em todo o ambiente acadêmico. A instituição também afirma que o canal de comunicação com a ouvidoria da universidade já possui mecanismos previstos para apurar denúncias e tomar as medidas cabíveis.

Racismo não é exceção no ambiente acadêmico

Não é primeira vez que situações de racismo são denunciadas em universidades. Em 25 de maio deste ano, o universitário Ricardo Lima da Silva, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) morreu após cair do prédio em que morava no campus da faculdade.

O jovem de 25 anos cursava Geografia e participava do movimento estudantil e de luta contra o racismo no ambiente acadêmico. De acordo com relatos de familiares e amigos, ele era vítima de racismo e bullying por parte dos professores e de outros alunos. O suicídio ocorreu depois de o universitário pedir ajuda à instituição de ensino e não ser atendido.

Leia também: ‘Estudante vítima de racismo comete suicídio dentro da USP’

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