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Conheça a professora Gina Vieira, expoente da educação para diversidade no Distrito Federal

Aos 49 anos, a docente carrega nos ombros um marco para a educação antirracista na capital do país: o Programa Mulheres Inspiradoras

Imagem mostra a professora Gina Vieira, ela é uma mulher, de cabelo crespo, e sorri.

Foto: Tainá Frot

7 de janeiro de 2022

Filha da doméstica e do pedreiro, Gina Vieira Ponte, 49 anos, recebeu dos pais semianalfabetos tudo o que lhe era possível ser ofertado. Mulher negra, nascida em Ceilândia, na periferia de Brasília, é uma das professoras mais renomadas da Secretaria de Educação (SEDF), criadora do Programa Mulheres Inspiradoras (PMI) que, de um projeto pedagógico, se transformou em uma política pública de valorização de meninas e mulheres do Distrito Federal. 

“Aprendi com os meus pais que os estudos transformariam minha vida, e hoje estou aqui com meu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente”, conta a docente, em entrevista à Alma Preta Jornalismo

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Rompendo as barreiras do racismo, do preconceito e das discrepâncias sociais,  Gina começou a dar aulas e percebeu que teria a responsabilidade de “mostrar que a educação muda a realidade de qualquer pessoa”.

Ao ver  o desinteresse dos alunos, em 2014, decidiu inovar na metodologia de ensino para que a vivência de uma mulher negra pudesse ser retransmitida para os estudantes. A professora levou para a sala de aula obras escritas por mulheres como Malala Yousafzai e Anne Frank, além de Carolina Maria de Jesus e Cristiane Sobral. 

“A ideia era fazer com que os estudantes após a leitura das obras tivessem uma roda de conversa sobre mulheres expoentes em suas profissões”, relata. De acordo com a docente, um grande marco do projeto foi a publicação de um livro com mais de 100 histórias que envolviam mães, tias, avós e amigas dos estudantes.

No primeiro ano, o projeto já foi agraciado com o 4º Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Além dele, venceu o 8º Prêmio Professores do Brasil, concedido pelo Ministério da Educação, o 10º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, concedido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, em parceria com o Conselho Nacional de Pesquisa e com o MEC. Em 2017, o programa saiu das salas de aula e ganhou espaço internacional no Banco de Desenvolvimento da Colômbia.

Ainda pelo projeto, Gina recebeu o I Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, pelo qual atua como embaixadora, tendo proferido mais de 20 palestras sobre Igualdade de Gênero e Educação em Direitos Humanos em escolas, universidades e centros de pesquisa. 

Hoje, o Programa Mulheres Inspiradoras faz parte de uma portaria assinada pelo secretário de Educação do DF, Leandro Cruz, publicada em maio de 2021. O programa consiste na formação continuada de profissionais de educação dentro de uma lógica de Direitos Humanos, diversidade, e valorização das questões de gênero e raça. 

Já foram formados mais de 350 profissionais e 50 escolas públicas em todo o Distrito Federal estão mobilizadas. De acordo com a docente, mesmo com o sucesso do programa, ainda há preconceito e falta de incentivo à política pública voltada para a diversidade e empoderamento da juventude negra. 

“O governo atual não demonstra nenhum interesse em fazer uma política voltada para as minorias e para a formação de profissionais de educação com a vertente social. O maior interesse é uma educação de mercado voltado para o empreendedorismo. Infelizmente essa é a realidade”, completa a professora que indica que, ainda assim, dará continuidade à proposta para o ano de 2022. 

Leia também: Grupo Cultural Obará é símbolo de resistência negra no Distrito Federal

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