Um grupo psicoterapêutico que trabalha questões identitárias de estudantes negros, por meio da Clínica Escola de Psicologia, deu início aos trabalhos no campus 2 da Unoeste, em Presidente Prudente (SP). As inscrições para novos integrantes estão abertas, sem custo.
“Reconstruindo Narrativas Negras” é uma iniciativa do estudante do último termo de Psicologia Pedro Lucas dos Santos, com supervisão da professora doutora Zilda Rodrigues Nogueira. O projeto realiza encontros às sextas-feiras, com foco em criar espaços de acolhimento.
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O objetivo da ação é promover a saúde mental a universitários negros, por meio do psicodrama étnico racial. O psicodrama é uma abordagem da Psicologia que usa a dramaturgia, buscando ressignificar traumas e permitir o autoconhecimento.
Segundo Pedro, o terapeuta assume o papel de diretor, enquanto os participantes atuam como protagonistas, coadjuvantes e espectadores. Eles podem representar papéis, recriar situações do passado, explorar conflitos internos e interagir uns com os outros para obter uma compreensão mais profunda de suas próprias emoções.
“Nosso objetivo inicial é abrir portas para esse projeto e criar mais espaços de acolhimento para esses estudantes e à população negra em geral, trazendo um olhar para novas temáticas dentro da Psicologia. O grupo ainda está se estruturando e estamos divulgando para conseguir desenvolver um trabalho bacana que, posteriormente, também enriqueça a comunidade científica”, diz.
Como funciona o projeto
Os atendimentos são em grupo, sempre na modalidade presencial. Os participantes passam por uma triagem, para que sejam avaliadas as necessidades dele – tudo com base em referencial teórico de psicodrama e autores negros.
“Nós olhamos para as questões identitárias de cada paciente, como esses pacientes se reconhecem e se enxergam no mundo como pessoa negra, suas potencialidades, e dificuldades enfrentadas para trabalharmos”, explica o aluno do último termo, que também já trabalha a questão de várias formas artísticas.
Segundo a professora Zilda, o desenvolvimento do projeto representa a preocupação com as questões sociais, com trabalho voltado para que esse público tenha seu lugar de fala. O objetivo é que ele se torne recorrente.
“Queremos formar grupos com cerca de oito alunos, para que eles possam contar a história deles, as experiências, as dificuldades, além de partes temáticas que serão desenvolvidas. É um desafio porque ainda há pouco material publicado a esse respeito, então pensamos também em trabalhar em divulgações sobre os resultados desse trabalho”, conta Zilda.
Apoio mútuo
Os participantes podem participar apenas de um encontro ou fazer o acompanhamento semanal. O importante é que além de cuidado emocional, os alunos consigam formar uma rede de apoio.
Além disso, o projeto busca incentivar a criação de materiais (textos, vídeos, rodas de conversa) que registrem as reflexões e práticas do grupo, contribuindo para a construção de um saber afrocentrado e para a difusão da luta antirracista.
“Mais do que um serviço de apoio psicológico, esta iniciativa é um convite à emancipação coletiva, onde cada participante é encorajado a reconhecer sua potência, validar suas experiências e reconstruir sua trajetória a partir de um olhar que celebra a diversidade e combate às opressões. Que este projeto seja um passo firme na caminhada pela equidade racial e pelo fortalecimento da identidade negra dentro e fora da universidade”, defendem a professora e o estudante, no projeto de criação do grupo.
Para fazer parte do grupo, é necessário agendar um horário pelo WhatsApp (18) 99672-3869. Já os encontros serão às sextas-feiras, na Clínica Escola da Unoeste.