Por: Pedro Borges e Solon Neto
Nesta terça-feira (17), o músico e entregador de aplicativo Renato da Silva, de 31 anos, foi alvo de ataque racista às 14h40, na rua Artur de Azevedo, 1212, Pinheiros, enquanto trabalhava. Segundo Silva, o agressor, Frederico Florentino Bischof, disse a ele que “pretos podem ter tudo e até iPhone, mas continuam pulando que nem macaco e se vitimizando na internet”. O relato também consta no boletim de ocorrência.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Após ouvir as palavras, o entregador questionou Bischof e sofreu deboche do grupo de pessoas que o acompanhava. Segundo a vítima, o grupo chegou a afirmar que ele “estava drogado”.
Diante da situação de racismo, testemunhas da agressão se manifestaram em defesa do entregador, entre elas, um grupo de mulheres negras e de entregadores de aplicativo. Bischof afirmou ter sido agredido por alguns entregadores, que estavam em um grupo de aproximadamente 30 pessoas.
A polícia foi acionada em seguida por uma suposta confusão e o primeiro contingente de policiais militares que chegou ao local enquadrou a vítima, o entregador negro Renato da Silva. Ele teve a camiseta levantada e foi questionado se tinha passagem pelo sistema carcerário. Silva relata que essa abordagem não foi feita com o agressor. Bischof nega e afirma que também foi questionado sobre um histórico criminal.
Na delegacia de polícia o caso foi registrado como Injúria Racial. O delegado responsável pelo registro é Alisson Aznar Yokoi.
“Qualquer pessoa preta que ouvisse aquilo se sentiria ofendido. Eu virei e falei que aquilo era errado, que ele não poderia falar coisas daquele jeito. Eu moro no extremo sul, saio de casa todo dia às 8h da manhã para trabalhar em Pinheiros, que é onde consigo fazer meu dinheiro. Não saio de casa para ser ofendido, saio para trabalhar”, disse Renato da Silva em entrevista à Alma Preta, já na delegacia.
A arquiteta e apresentadora da GNT Stephanie Ribeiro acompanhou a situação e foi até a delegacia. “Quando eu estava na rua, eu o vi cercado e ouvi que ele havia sido alvo de racismo. Quando a gente começou a dar suporte para o Renato, eles começaram a rir com uma sensação de impunidade.”
A expectativa é que se abra um inquérito policial para apurar o fato. Depois disso, o caso pode ir para o Ministério Público apurar e definir se vai oferecer uma denúncia para a Justiça.