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Qual é o legado político do MNU?

Às vésperas de completar 40 anos de existência e luta, figuras históricas do Movimento Negro Unificado falam sobre o papel do grupo no combate ao racismo no Brasil
Ato organizado pelo Movimento Negro Unificado na Praça da Sé, em 1979. A história do MNU será relembrada em disciplina ministrada por Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP.

Foto: Ennio Brauns

4 de julho de 2018

Por: Amauri Eugênio Jr.

O MNU (Movimento Negro Unificado) completará em 7 de julho (sábado) 40 anos de existência. A pedra fundamental do grupo, que surgiu durante ato público realizado em 1978, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, foi e continua a ser determinante para os rumos do combate ao racismo estrutural no Brasil.

Pode-se dizer, com toda a certeza, que o MNU teve papel fundamental na formação de lideranças que surgiram posteriormente na luta em prol da igualdade racial do país.

Milton Barbosa sorri durante seminário realizado em São Paulo em comemoração aos 40 anos de luta do MNU (Movimento Negro Unificado), em 18 de junho de 2018.
Milton Barbosa sorri durante seminário realizado em São Paulo em comemoração aos 40 anos de luta do MNU (Movimento Negro Unificado), em 18 de junho de 2018. (Sérgio Silva/Ponte Jornalismo)

De acordo com Milton Barbosa, cofundador do MNU, o grupo político deu norte à luta contra o racismo em âmbito nacional.

“O MNU foi um dos primeiros grupos a denunciar, de forma sistemática, o racismo e a violência policial, assim como falar da história do povo africano, do negro no Brasil e da questão as empregadas domésticas. Há pontos fundamentais que o MNU colocou e que motiva a luta cotidianamente”, explica a referência política, durante evento comemorativo à marca do MNU, realizado no auditório da Apeoesp, em 19 de junho.

Da esquerda para a direita, José Adão, Milton Barbosa, Regina Lúcia e Neusa Maria Pereira durante seminário realizado em São Paulo em comemoração aos 40 anos de luta do MNU (Movimento Negro Unificado), em 18 de junho de 2018 (Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo)
Da esquerda para a direita, José Adão, Milton Barbosa, Regina Lúcia e Neusa Maria Pereira durante seminário realizado em São Paulo em comemoração aos 40 anos de luta do MNU (Movimento Negro Unificado), em 18 de junho de 2018 (Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo)

José Adão de Oliveira, um dos fundadores do MNU, considera que o movimento colocou a questão racial em pauta e motivou o debate a respeito na sociedade civil.

“O MNU cumpriu e está cumprindo o papel de reflexão profunda sobre os destinos da humanidade. Há muita coisa a ser feita, mas os passos fundamentais foram dados. Os novos coletivos e militantes que chegam fazem a questão se aprofundar. A gente terá humanidade mais evoluída e humana no futuro”, pondera Oliveira.

Regina Lúcia dos Santos, militante do MNU há 22 anos, considera que o papel do grupo é apontar caminhos para a população negra lutar por direitos, assim como quais são os fundamentos sobre ser negro no Brasil.

“O papel do MNU é de fundamental importância, pois até hoje estaríamos debatendo sem perceber que a questão racial e o racismo estruturam a sociedade brasileira. Se o racismo estrutura a sociedade, precisamos desestruturá-la como está e, para isso, precisamos da luta antirracista colocada pelo MNU, como no enfrentamento à violência policial, à exploração da mulher negra e a descolonização das mentes negras”, considera Regina.

Ainda, Regina relata que o legado do Movimento Negro Unificado é a possibilidade de jovens negros enfrentarem o racismo estrutural.

“Isto era impensável há 40 anos – era impensável imaginar a juventude enfrentando o racismo estrutural do modo como está colocado. Hoje, ao irmos a qualquer periferia, podemos ver a juventude com cabelos naturais negros, por exemplo, e combatendo o genocídio. Isso tudo é o legado. E é muita coisa”, finaliza a militante do MNU.

*Este artigo sofreu alterações em 18 de junho de 2024. Foram acrescentados links e imagens.

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