A intenção é de chamar a atenção da sociedade para a situação de quilombolas paraenses; Este é o estado com mais mortes no país
Texto / Flávia Ribeiro | Edição / Simone Freire | Imagem / Marcelo Casal Jr / Agência Brasil
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Com objetivo de chamar a atenção da sociedade para a histórica falta de políticas públicas, ainda mais necessárias neste período de pandemia da Covid -19, o novo coronavírus, a Malungu – Organização Quilombola do Estado do Pará e seus parceiros, farão um twitaço nesta terça-feira (26) das 17h às 20h30. O Pará é o estado do país que mais acumula mortes de quilombolas, já são 15 registros. Já são 46 quilombolas mortos em todo o país e quase 200 casos confirmados.
Valéria Carneiro, da coordenação da Malungu, fala que os quilombolas estão sem apoio algum do poder público, já que não há testes, nem medicamento e nem consulta médica. Segndo ela, os quilombolas precisam andar quilômetros para chegar até os centros urbanos para conseguir uma consulta, e quando conseguem.
“Boa parte das comunidades quilombolas estão apresentando sintomas semelhantes ao do coronavírus, porém, como não há testes, muitas vezes, sequer conseguem consulta médica. Os quilombolas têm que se virar sozinhos, têm que se cuidar em casa com os medicamentos tradicionais e torcendo para que seus organismos possam produzir anticorpos e combater a doença”, relata.
Além da saúde, outra preocupação dos quilombolas é a assistência social, pois uma das medidas de prevenção à pandemia resultou na perda de renda. “Nossas comunidades hoje começam a enfrentar fome, infelizmente, porque não conseguem produzir. A maioria das comunidades trabalham no sistema consociado, ou seja, famílias inteiras de uma comunidade se reúnem em forma de mutirão para produzir, plantar, colher e praticar suas outras atividades, como religiosas, culturais, mas isso não está acontecendo por conta do distanciamento social”, destaca Carneiro.
Ela ainda informa que as comunidades estão afastadas dos centros urbanos e isso implica ainda a dificuldade em acessar a internet para ter acesso ao auxilio emergencial. “Infelizmente o Estado do Pará não disponibiliza saúde pública para os quilombolas, simplesmente ignora a presença das comunidades. Essa é a ideia do twitaço e nós pedimos que as pessoas possam nos ajudar no sentido de divulgar e somar na nossa luta” desabafa Carneiro.
Para participar e apoiar a ação, use nas redes sociais as hastags #VidasQuilombolasImportam, #SaúdeParaosQuilombolas, #GovernoGenocida.
Boletim epidemiológico
Segundo a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Rurais Quilombolas (Conaq), atualizado nesta terça-feira (26), já há 46 mortes entre quilombolas em todo o Brasil. Além dos 15 óbitos do Pará, há ainda nove no Amapá; oito em Pernambuco; seis no Rio de Janeiro; duas em Goiás e no Espírito Santo e uma morte em Ceará, Bahia, Amazonas e Maranhão. São 197 casos confirmados de Covi-19, 36 em monitoramento e dois óbitos sob suspeita.
*Imagem interna: Malungu