Não foi um ano fácil. O primeiro ano do atual presidente Jair Bolsonaro foi marcado pela continuidade de índices e pesquisas que mostram e comprovam a situação socioeconômica da população negra no Brasil
Texto / Redação | Edição / Simone Freire | Imagem / Clarice Castro
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Parte significativa dos praticantes das religiões de matriz africana no Brasil (68%) afirmaram terem sido vítimas de preconceito, segundo pesquisa Datafolha publicada em janeiro. O número cai para 38% entre os evangélicos e 17% nos adeptos ao catolicismo.
Em junho, de acordo com o Atlas da Violência de 2019, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 66% de todas as mulheres assassinadas no país são negras. A taxa de homicídio de mulheres não negras aumentou em 1,6% entre 2007 e 2017, a de homicídio de negras cresceu 29,9%.
Segundo um levantamento da Fundação Abrinq, divulgado em abril, nos últimos 20 anos, as chances de um jovem negro ser assassinado no Brasil cresceu absurdamente: houve um aumento de 428% de homicídios de jovens negros por arma de fogo no país.
Apesar de a liberdade religiosa ser um direito constitucional dos brasileiros, os ataques contra seguidores de religiões de matriz africana como candomblé e umbanda não param de crescer.
De acordo com dados do Disque 100, canal do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos responsável pelo recebimento de denúncias de discriminação e violação de direitos, entre janeiro e novembro de 2018 foram feitas 213 notificações de ataques à religiões de matriz africana. O número é 47% superior ao registrado no ano de 2017, quando foram contabilizadas 145 denúncias.
O salário de um trabalhador negro pobre é, em média, 46% menor do que o de um trabalhador branco pobre. O rendimento mensal do negro é de R$ 658, enquanto o do branco é de R$ 965. Os resultados fazem parte de um relatório elaborado pela organização não governamental Oxfam, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em agosto.
Já em setembro, a 13ª edição do Anuário da Violência, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontou que a maioria das ocorrências policiais terminadas em morte ocorreram no período da madrugada, cerca de 40%. De acordo com os números, além da madrugada, se as ocorrências da noite forem consideradas também, 64,9% das mortes provocadas pelas polícias brasileiras acontecem entre às 18h e 05h59min
Em novembro, o Mapa da Desigualdade, divulgado pela Rede Nossa São Paulo, mostrou que na cidade paulista, a diferença nos indicadores de moradia, emprego formal, expectativa de vida, espera por consulta médica e acesso à cultura é marcada pelo fator racial.
Dos 12 milhões de habitantes, 32% se identificam como pretos ou pardos, categorias classificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como negros. As regiões mais pobres concentram a maior parte da população negra. Nas regiões mais ricas, o número de moradores negros não ultrapassa a faixa de 13%.