PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Pesquisar
Close this search box.

“Se fosse branco, eu não faria”, diz segurança ao perseguir homem negro no Carrefour

Caso ocorreu em 28 de janeiro de 2021, dois meses depois da morte de Beto Freitas em Porto Alegre; vítima pede indenização por danos morais

Carrefour é acusado por discriminação racial em unidade de SP

Foto: Imagem: Google View

4 de maio de 2022

Roberto*, homem negro de 46 anos, foi perseguido por seguranças do Carrefour, no dia 28 de janeiro de 2021, na unidade de São Caetano do Sul, em São Paulo. Durante todo o percurso, Roberto foi seguido por seguranças da rede de alimentos. O fato ocorreu dois meses depois do assassinato de Beto Freitas por um segurança, na unidade do supermercado de Porto Alegre.

Roberto foi seguido antes e depois do pagamento das compras no caixa. A atitude do segurança e o constrangimento gerado fizeram Roberto questionar o porquê da atitude. Depois de interrogado, o funcionário do Carrefour disse que “não confiava em ninguém e que estava executando seu trabalho”.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Roberto então perguntou se o segurança faria essa ação se ele fosse um homem branco. “Eu estou fazendo isso porque você é preto, se fosse branco eu não faria”, explicou o funcionário do Carrefour. O cliente então se dirigiu ao supermercado para prestar uma queixa sobre o fato e na sequência foi ao 1° DP de São Caetano do Sul registrar o ocorrido. O Boletim de Ocorrência não tem natureza criminal.

A defesa de Roberto, representada pelo advogado Fernando Floriano, pede o ressarcimento da compra, no valor de R$ 71,00, e indenização por danos morais, de R$20 mil. Há também o pedido ao acesso às câmeras de segurança da unidade, no horário das 16h40, quando o fato ocorreu para comprovar a situação. O Carrefour diz “não possuir provas a serem produzidas”, quando interrogado sobre as câmeras de segurança, afirma ser contrário ao pagamento das compras, pelo fato dos produtos não terem qualquer defeito e Roberto ter os levado para casa.

Depois do processo, o Carrefour não se pronunciou acerca de uma possível audiência de conciliação e foi intimado pela juíza Ana Paula Marson a apresentar a defesa. Na peça, o advogado do Carrefour, Maurício Domingues do escritório Lopes Domingues Advogados, reafirma a inexistência de provas por parte de Roberto e reitera que, no boletim de ocorrência, não houve qualquer menção à discriminação racial. No registro na polícia, a vítima diz ter sido acompanhada pelo segurança e que o funcionário do supermercado disse “não confiar em ninguém”. O marcador racial aparece no processo movido contra o Carrefour.

A juíza questionou as partes sobre a apresentação de testemunhas para se marcar uma audiência sobre o caso e assim decidir a sentença.

Beto Freitas

Beto Freitas, 40 anos, foi espancado por seguranças do Carrefour em 19 de Novembro de 2020. Ele foi morto em uma das unidades de Porto Alegre. No processo, o autor da denúncia faz uma memória ao caso de Beto Freitas, para sinalizar não ser uma atitude isolada do Carrefour.

“Infelizmente, o Autor foi mais uma vítima de tantos casos existentes em nosso país e justamente no estabelecimento da Ré, que por vezes tem seu nome atrelado a casos semelhantes como o recentemente divulgado pelas mídias, também cometido por um segurança de uma das unidades deste supermercado em que a vítima até perdeu sua vida, causando comoção nacional”, diz o processo.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano