A capoeira da Bahia deve receber mais R$ 500 mil em investimentos de fomento ao setor, que foi um dos mais afetados pela pandemia pela Covid-19. A iniciativa partiu da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia, autarquia vinculada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), que publicou um edital em apoio a projetos de eventos do segmento que tem grande valor cultural para o Estado.
No edital, a Sudesb considera que o chamamento tem como objetivo a “seleção de Organização da Sociedade Civil – OSC interessada em celebrar Termo de Fomento cujo objeto é a execução de Projetos de Eventos Esportivos de Capoeira”. É o primeiro chamamento público para a retomada de apoio a eventos de capoeira desde o início da pandemia.
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A capoeira, que faz parte da história dos povos africanos escravizados no Brasil, é reconhecida como patrimônio cultural nacional desde 2008 e chegou a ser considerada como crime mesmo no período após a abolição da escravatura, de 1889 a 1937. Em 2015, o Senado reconheceu o caráter educacional e cultural da capoeira nas manifestações culturais e no âmbito educacional.
Para o capoeirista, Tonho Matéria, um dos nomes mais importantes para a capoeira da Bahia, os investimentos ainda são poucos diante da contribuição cultural da capoeira para o Brasil e para o mundo. No entanto, ele destaca que é preciso políticas públicas de reparação para que a cultura seja reconhecida e valorizada na Bahia.
“Fazer essa reparação criando políticas públicas não somente através de um edital, mas de outras formas simbólicas que dê a possibilidade dos atores culturais realmente atuarem nas suas comunidades e, além disso, fazer com que a cultura seja realmente reconhecida na nossa cidade, no nosso estado”, pontuou o artista.
Recentemente, o setor da capoeira também deu um passo importante para o reconhecimento e incentivo do esporte na Bahia. A Assembleia Legislativa da Bahia aprovou um projeto de lei que torna a capoeira uma lei estadual: Lei Moa do Katendê, que presta homenagem ao mestre de capoeira e ativista, morto em 2018 por um eleitor de Bolsonaro.
Com o edital, organizações sociais podem apresentar propostas de fomento até o dia 30 de agosto, podendo ser apenas um por instituição. Já do dia 31 de agosto a 14 de setembro, serão avaliadas as propostas, tendo o resultado preliminar divulgado no dia 16 de setembro. De acordo com a Sudesb, a estimativa é que todas as etapas sejam cumpridas até o dia 14 de dezembro.
Conforme o edital, até 20 propostas podem ser selecionadas, desde que cada uma não ultrapasse o valor máximo de R$ 25 mil.
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