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Tragédia em Paraisópolis repercute nas redes; manifestações estão programadas

2 de dezembro de 2019

Episódio na segunda maior favela do país deixou nove mortos na Zona Sul de São Paulo

Texto / Lucas Veloso | Edição / Simone Freire | Imagem / Vagner de Alencar – Agência Mural

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Na madrugada de domingo (1), nove pessoas morreram pisoteadas e outras 12 ficaram feridas em um baile funk de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo.

Ontem, durante o dia, uma manifestação reuniu moradores que cantavam o Rap da Felicidade, música composta pelos MC’s Cidinho e Doca: “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”. A população também chamou os policiais presentes de “assassinos”.

Nas redes sociais, a atriz e jornalista, Elisa Lucinda defendeu que todas as pessoas têm direito à dança, à música, ao canto e à diversão. “O funk é uma manifestação cultural legitima, a fala das periferias, a fala de uma juventude que não encontra lugar para ser”, argumentou. “É som de preto, de favelado mas quando toca ninguém fica parado”, emendou.

Criador do coletivo Periferia em Movimento, Thiago Borges também criticou a ação policial na madrugada. Em seu perfil no Facebook, Borges lembrou que funk alto, ‘droga rolando de boa’ e curtição até de madrugada é comum em São Paulo, inclusive em torno de universidades importantes, como a presbiteriana Mackenzie, no Centro, mas na periferia, a cor das pessoas interfere na ação do Estado.

“Os nobres militares garantem o lazer protegido em pleno Centro de São Paulo. O problema nunca foi o funk, a droga ou a juventude tirando onda. O que muda é o CEP, a classe e a cor de pele de quem tá curtindo a festa. A gente sempre soube”, criticou.

A página de Paraisópolis no Facebook também publicou texto em solidariedade aos familiares das vítimas. “Não aceitaremos calados, exigimos justiça com a punição dos culpados. Paraisópolis e as comunidades precisam de ações sociais para enfrentar suas dificuldades, mais do que remediar, precisamos prevenir. Chega de violência, queremos paz”, diz a postagem.

Versões

Há duas versões sobre o que aconteceu, na madrugada de domingo (1). A polícia diz que a confusão foi provocada por criminosos, que atiraram contra militares e usaram frequentadores da festa como “escudo humano”.

Já os parentes dos jovens contestam e falam de “emboscada” da PM contra os frequentadores da festa.

João Doria (PSDB), governador do Estado de São Paulo, negou que as nove mortes que aconteceram em Paraisópolis tenham sido causadas pela ação da Polícia Militar. Em entrevista coletiva concedida na manhã desta segunda (02), disse que as mortes não foram provocada pelos militares e que não houve invasão ao baile funk.

“A letalidade não foi provocada pela PM, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo baile funk. É preciso ter muito cuidado para não inverter o processo”, comentou Doria. Ele também reafirmou que a política de segurança pública do Estado não vai mudar.

Resistência

A Coalizão Negra por Direitos, que reúne 60 entidades do movimento negro, disse que “o que houve em Paraisópolis não foi acidente, mas genocídio”.

O grupo está organizando um ato público na quarta-feira, (4), a partir das 17h, em frente à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Outra convocação de manifestação também circula pelas redes sociais. A “Marcha contra o Genocídio da População Negra e Periférica” está programada para acontecer no dia 14 de dezembro, a partir das 17 horas na Rua Ernest Renan, em Paraisópolis.

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