Texto: João Victor Belline / Edição de Imagem: Vinicius de Almeida
O cenário é sempre muito parecido. Oito homens, fortes, rápidos, incríveis, largam o mais rápido que podem para correr os cem metros mais importantes de suas vidas. É muito suor, muito esforço, muito treino, muita explosão, muita coisa para os aproximadamente dez segundos que se passarão. Pena para esses oito mortais que ao lado deles passa um raio. Lightning Bolt. Não é um raio amarelo, talvez um pouco por conta do seu tradicional uniforme ou pelas incontáveis medalhas de ouro. O homem mais rápido do mundo é preto e ninguém pode pegá-lo.
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No dia 21 de agosto de 1986, em Trelawney, na Jamaica, o casal Wellesley e Jennifer recebia o seu primeiro filho. Os irmãos Sadiki e Shirine, frutos do primeiro casamento do pai, formariam juntos à partir daquele dia a família Bolt. Nas redondezas do pequeno mercado na zona rural, Usain passava os dias jogando futebol, uma de suas grandes paixões até hoje, e críquete. Não demorou para aquelas duas pernas começarem a mostrar toda a sua velocidade.
Na escola primária Waldensia, onde estudava, o menino já era o aluno mais rápido da escola nos 100m rasos aos doze anos. Dois anos depois, Bolt já competia em campeonatos regionais e, pouco tempo depois, aos quinze anos, já ganhava suas primeiras medalhas. Apesar de praticar críquete e ter passado por outros esportes, Usain foi instruído pelo treinadores da escola a se dedicar às corridas. O ex-corredor olímpico, Pablo McNeil, foi um dos responsáveis por isso e também se tornou o primeiro técnico do jamaicano.
Na juventude, Usain Bolt já era um fenômeno. Tanto é que aos 17 anos, em 2004, ele já se tornava profissional. Enquanto júnior, entre os diversos resultados positivos que colecionou, um merece grande destaque: ele foi o primeiro, e único até agora, corredor jovem a fazer os 200m rasos em menos de 20 segundos, cravando 19s93. Em ano olímpico, Usain teve problemas antes de chegar a Atenas, onde se realizariam os Jogos. O corredor teve uma lesão no tendão e não conseguiu avançar nas eliminatórias.
Os anos seguintes foram complicados para Bolt. Com técnico novo, Glen Mills, ele enfrentou diversas lesões e, apesar de conseguir resultados expressivos, não conseguia seguir a melhor rotina de treinamentos e competições. Também nesse período, Bolt e Mills começaram a discutir sobre a estratégia para as competições: Usain queria correr, além dos 200m, os 100m. Glen, queria que ele fosse para os 400m.