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Violência armada afeta 81% do ano letivo das escolas públicas de Salvador, diz estudo

Em entrevista à Alma Preta, especialista explica que os bairros com maior população negra são os mais afetados
De acordo com a pesquisa, 315 tiroteios próximos à escolas públicas de Salvador ocorreram em ações da Polícia.

De acordo com a pesquisa, 315 tiroteios próximos à escolas públicas de Salvador ocorreram em ações da Polícia.

— Reprodução / PMBA

6 de novembro de 2024

Entre 2022 e 2023, cerca de 81% do ano letivo nas escolas públicas na cidade de Salvador foi interrompido por ocorrências de tiroteio. O levantamento, divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado na última terça-feira (5), aponta para a média de 161 dias letivos suspensos em decorrência dos conflitos armados.

O estudo analisou 593 escolas estaduais e municipais entre o período de 2022 a 2024. Ao todo, cerca de 75% apresentaram ocorrências com armas de fogo no entorno. Os arredores das unidades escolares públicas foram palco de 26% de todos os tiroteios ocorridos na cidade durante o intervalo analisado (2.793).

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Ainda conforme expõe a pesquisa, 30 tiroteios foram registrados por mês em uma distância de até 300 metros dos colégios. A maioria dos casos foram motivados por operações policiais, somando 315 do total (43%). 

Em entrevista à Alma Preta, Dudu Ribeiro, diretor da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, organização parceira do Fogo Cruzado, explica que os números elucidam o quadro dramático do impacto da violência armada na juventude negra. O diretor também ressalta que os bairros que têm a população negra como maioria são mais afetados.

“É importante que a gente observe que os bairros mais afetados, como Fazenda Grande do Retiro e Beiru, têm um histórico. Tanto de maior percentagem populacional de população negra, como histórias importantes de experiências de resistência da juventude negra. E hoje elas concentram episódios constantes de conflito”, declara.

Ribeiro também recorda a interrupção no desenvolvimento de jovens, adolescentes e crianças causada pelo convívio diário com conflitos armados, por vezes ocasionados pelos próprios agentes do Estado.

“Nós estamos falando que isso tem um impacto, tanto do ponto de vista da análise do rendimento escolar, mas também da construção do sujeito, muitas vezes em sofrimento psíquico devido a episódios de violência e sem nenhum tipo de respaldo institucional. Sem nenhum tipo de apoio do serviço de saúde mental”, completa.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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