A Federação Italiana, autoridade esportiva do país, absolveu o zagueiro Francesco Acerbi, da Inter de Milão, no caso em que foi acusado de racismo pelo jogador brasileiro Juan Jesus, da Napoli. O juiz desportivo Gerardo Mastrandrea, decidiu nesta terça-feira (26) que, por falta de provas, o processo seria encerrado. O caso não cabe recursos.

Na decisão, o magistrado reconheceu que houve um desentendimento entre os atletas durante a partida disputada pelo campeonato italiano. No entanto, o juiz  argumentou que, como não há provas em áudio, vídeo ou testemunhal, apenas o testemunho do brasileiro, não seria possível condenar Acerbi. 

Para ele, apesar de que “condutas discriminatórias devem ser sancionadas com a maior severidade”, não cabe punição no caso porque “a imposição de tais sanções deve ser apoiada por uma quantidade mínima de provas ou por provas sérias, precisas e consistentes”. E, “neste caso, não é atingido o nível mínimo de certeza razoável quanto ao conteúdo discriminatório da infração”.

Em 18 de março, dia seguinte à partida, o brasileiro se manifestou nas redes sociais e destacou que, em campo, o zagueiro admitiu que estava errado e pediu desculpas, mas em entrevistas pós-jogo, amenizou o caso. 

“Acerbi disse-me ‘vai-te embora preto, és apenas um preto’. Após o meu protesto com o árbitro, admitiu que estava errado e pediu desculpas e depois acrescentou: ‘Para mim, o preto é um insulto como qualquer outro’”, disse o brasileiro em comunicado. 

O jogador da Inter de Milão corria o risco de ser suspenso por até dez jogos, o que o impediria de disputar o final da temporada com o clube. O zagueiro foi desconvocado pela seleção da Itália após as acusações de racismo. Com a absolvição, ele está apto a ser convocado e poderá dar continuidade a temporada. 

Entenda o caso

Aos 15 minutos do segundo tempo da partida entre Inter de Milão e Napoli, no estádio San Siro, em Milão, o jogador brasileiro Juan Jesus chamou o árbitro Federico La Penna para reportar uma ofensa racista feita por Francesco Acerbi. 

De acordo com a imprensa italiana, a leitura labial indica que o brasileiro disse ao juiz: “Ele me chamou de negro. Assim não dá”. Na imagem da transmissão da partida, é possível ver o jogador apontando para a logo da campanha contra o racismo. A marca está estampada no uniforme de todos os clubes da Série A da competição e diz “Mantenha o racismo fora”, em tradução do inglês. A partida acabou empatada em 1 a 1.