A premiada história em quadrinhos “A Conversa”, do escritor e ilustrador estadunidense Darrin Bell, acaba de chegar ao Brasil pela Editora Amarcord. Bell, que fez história como o primeiro cartunista negro a conquistar o Prêmio Pulitzer, usa sua obra para abordar questões como racismo estrutural, violência policial e desigualdades sociais.
Lançada originalmente em 2023, “A Conversa” foi amplamente elogiada pela crítica, figurando em listas de melhores quadrinhos de veículos como The Guardian e The Washington Post.
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A HQ recebeu importantes prêmios, como o NAACP Image Award, o Alex Award da American Library Association e o Libby Award de melhor graphic novel do ano. Também foi indicada ao Eisner Award, um dos mais importantes da indústria dos quadrinhos.
Uma conversa que molda uma vida
A narrativa parte de um momento-chave na infância de Darrin Bell. Aos seis anos, sua mãe lhe proibiu de brincar com uma arma de brinquedo. Ela temia que, por ser negro, o filho fosse confundido pela polícia como alguém portando uma arma real, uma preocupação ligada ao racismo estrutural que marca a sociedade estadunidense.
Para Darrin, essa experiência tornou-se “A” conversa – um marco que influenciou profundamente sua forma de enxergar o mundo.
O autor descreve como essa vivência moldou sua trajetória, desde as microagressões sofridas na escola e na vizinhança até os desafios de ser um jovem negro em Los Angeles, onde foi constantemente vigiado e ameaçado.
Sua indignação e dor encontraram espaço na arte: por meio de charges e quadrinhos, Darrin denunciou a violência policial e o racismo.
A arte como resistência e conscientização
Bell também revisita eventos marcantes da luta contra o racismo, como os protestos que seguiram os assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, momentos que intensificaram a relevância do movimento Black Lives Matter em escala global.
Em sua obra, o autor traça um paralelo com sua própria jornada ao refletir sobre o impacto de “A conversa” em sua vida adulta. Agora, como pai, Bell enfrenta o dilema de transmitir essa mesma lição de sobrevivência ao seu filho de seis anos, sem privá-lo da inocência e da liberdade próprias da infância.
Além de sua contribuição à literatura gráfica, Darrin Bell conquistou o Prêmio Pulitzer em 2019 como cartunista editorial. Suas charges foram elogiadas por abordarem questões complexas e defenderem comunidades marginalizadas durante o governo Trump.