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Bekoo Das Pretas: movimento busca divertir e capacitar pessoas negras

Além dos eventos que também lançam artistas na cena musical, as ações da iniciativa englobam um bloco de carnaval de rua em Vitória (ES) e capacitações profissionais para a área de produção cultural, transformação digital e criatividade

Imagem de uma das festas do Bekoo Das Pretas. Um homem dança no meio de uma roda de pessoas.

Imagem de uma das festas do Bekoo Das Pretas. Um homem dança no meio de uma roda de pessoas.

— Imagem: Arquivo/Bekoo Das Pretas

21 de julho de 2022

“O Bekoo Das Pretas surge da minha necessidade de estar em lugares de acesso, qualidade e acompanhada do meus. É dessa necessidade de ter a música que eu acho boa, vestida com o look que eu acho lindo, com o cabelo estilizado da forma que eu gosto, tomando a cerveja gelada, o drink colorido, sendo bem recebida, acolhida e não fazer isso sozinha”, explica a advogada Priscila Gama, CEO da iniciativa.

Foi com a finalidade de promover eventos musicais sem julgamentos e focados em propiciar a melhor experiência para as pessoas negras que o movimento idealizado pela advogada começou em 2016, no estado do Espírito Santo. Priscila conta que surgiu um questionamento no início da criação do projeto sobre o que seria importante as pessoas sentirem e sobre os direitos que são negados às pessoas negras no Brasil.

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“Primeiro reduzem a humanidade da gente, depois reduzem nosso direito às normalidades, ou seja, ao sonho, aos desejos, à pluralidade, ao ir e vir, ao mudar de ideia, ao viver a vida e aproveitar as oportunidades. Com isso, reduzem a nossa autoestima, o que mina as nossas possibilidades e os nossos sonhos”, explica Priscila.

Priscila GamaPriscila Gama | Crédito: Arquivo/Bekoo Das Pretas

“Então o que queria sentir com o Bekoo? Como é que eu queria sair de lá? E eu queria sair de lá exaustivamente revigorada. Havia um querer me reconhecer no outro, querer estar com o outro e me sentir potencializada. Era um querer dançar vestida bonita do jeito que eu acho e com o reconhecimento dos nossos signos e dos nossos padrões”, ressalta a idealizadora da iniciativa, também CEO do Das Pretas, laboratório de inovação e tecnologia social, 100% afrocentrado e fundado em 2015.

Além de um movimento, é um sentimento

A empreendedora Priscila Gama relata que a construção do Bekoo Das Pretas acontece para ele se tornar um hub de atividades e de ações focadas no fortalecimento negro.

Dentro do movimento, além dos eventos que também lançam artistas na cena musical, há também um bloco de carnaval de rua em Vitória (ES) e capacitações de produção cultural, transformação digital, processos de criatividade e também dedicados à criação e a aceleração de negócios de arte e cultura periférica, subsidiando o conhecimento técnico e o intercâmbio com pessoas da periferia que articulam.

Bekoo no CarnavalBekoo no Carnaval | Crédito: Arquivo/Bekoo Das Pretas

“As pessoas tem uma ideia de criatividade como se fosse uma coisa milagrosa e, na verdade, tem método para isso. Então a gente traz esse diálogo. Eu acho que, se eu pudesse resumir o tipo de formações que a gente faz, são pontes de acesso para o conhecimento. Porque a gente não pode criativizar ou sonhar sobre o que a gente não conhece”, destaca a empreendedora.

“Estou nos Estados Unidos também articulando a criação de um fundo de investimento para esse fomento a negócios pretos de cultura e arte, prioritariamente para mulheres e população LGBT negras. Tem o BKDP Festival, dentro desse guarda chuva que é o movimento Bekoo também”, conta Priscila Gama, que adianta que, no pacote de projetos futuros do movimento, vem muitas outras ações, como mais articulações audiovisuais além da websérie sobre o Bekoo Das Pretas disponibilizada no Youtube.

A CEO da iniciativa também conta que, apesar dos eventos do Bekoo serem frequentados normalmente por pessoas de 20 a 35 anos, há um público bastante diversificado que curte as festas.

Bekoo das Pretas 2O evento recebe pessoas de diversas faixas etárias | Crédito: Arquivo/Bekoo Das Pretas

“Uma coisa que eu sempre escutei foi que o Bekoo é um sentimento. Tenho muito orgulho de falar que a gente mudou muito a cena da cultura do estado do Espírito Santo. É sempre muito difícil, porque você tem poucas mulheres negras como referência nesse lugar de gerir grandes coisas na produção cultural nesse nosso país. Então eu não conseguia prever o que ia acontecer, mas eu aceitei cada nova edição [da iniciativa] como um desafio”, finaliza Priscila Gama.

Em setembro, ocorre o BKDP Festival. Para mais informações, acompanhe as redes sociais do movimento.

Leia também: Instituto Omolará: organização fortalece mulheres negras em diversas áreas

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