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Benjamin de Oliveira: o precursor do teatro negro no Brasil

Artista completo e promotor da cultura brasileira, Benjamin abriu um caminho de protagonismo para os negros na dramaturgia; suas peças tinham um olhar inovador sobre a sociedade, o que conquistou a crítica e o público

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: arquivo Biblioteca Nacional

benjamin de oliveira foi um grande nome do teatro negro

5 de agosto de 2021

Nascido em junho de 1870, em Minas Gerais, Benjamin de Oliveira se tornou um nome fundamental nas artes negras brasileiras e na luta contra o racismo. Ele foi o primeiro popstar negro da história do Brasil, ao inaugurar a imagem pública do showman no entretenimento, além de empresário e promotor cultural.

“Benjamin inovou muito. Ele foi palhaço, foi acrobata, foi autor e foi um pensador público. Ele discutia política cultural. Era uma figura que entendia a arte e a cultura como ferramentas indispensáveis para a emancipação do povo. A contribuição dele é imensurável”, afirma o ator e diretor Sidney Santiago Kwanza, que está escrevendo o artigo “O menino que dava nó em pingo d’água Benjamin de Oliveira, 150 anos de história no Brasil”.

Foi Benjamin de Oliveira que criou o conceito de circo-teatro, que dá início à dramaturgia negra. No início do século 20, fez sucesso com peças que destacavam protagonistas e histórias negras.

Era um sucesso de crítica e entre os intelectuais da época, como José de Alencar. O historiador, ator e músico Maurício Tizumba foi curador de diversas mostras sobre o artista. “Ele rodou o Brasil inteiro fazendo arte dentro de um circo, onde começou aos 12 anos”, diz.

Oliveira era um artista completo, ele escrevia, tocava, compunha, dirigia e interpretava. Montou vários textos clássicos do teatro, inclusive William Shakespeare, e também atuou como protagonista das obras. Um dos grandes fãs de Benjamin era o presidente do Brasil Floriano Peixoto, que não perdia nenhuma de suas peças no Rio de Janeiro.

Além da montagem de clássicos do teatro, o artista fazia sucesso com as peças que ele mesmo escrevia, como ‘O Diabo e o Chico’, ‘Vingança Operária’, ‘Matutos na Cidade’ e ‘A Noiva do Sargento’, todas encenadas pela companhia que ele criou.

O grande sucesso no teatro também abriu portas para o pioneirismo no cinema negro brasileiro. Em 1908, no mês de agosto, ele foi protagonista da peça ‘O Guarani”, fazendo o papel do indígena Peri, inspirada no livro clássico de José de Alencar. Essa peça foi filmada e deu origem ao filme ‘Os Guaranis’, o primeiro filme de romance do cinema brasileiro, lançado pela Photo-Cinematographica Brasileira, com direção de Antônio Leal.

Em 84 anos de vida, Oliveira viu a abolição da escravidão, a proclamação da República, a chegada do rádio, a chegada do cinema e a chegada da televisão. “É uma vida épica. Ele foi amado no seu tempo, renovou uma linguagem de expressão artística e conquistou a glória”, disse Kuanza, da Cia OsCrespos e idealizador da Revista Legítima Defesa, sobre o teatro a e cultura negra.

A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, no carnaval de 2020, teve como enredo ‘O Rei Negro do Picadeiro’, uma homenagem a história de vida e ao talento de Benjamin de Oliveira.

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