O Caminho das Pedras, localizado no Quilombo do Abacatal, em Ananindeua (PA), foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural de Natureza Material do Estado do Pará. A lei estadual 10.854, publicada nesta sexta-feira (21) no Diário Oficial do Estado, garante a preservação da memória e da identidade ancestral do povo paraense.
O Projeto de Lei (PL) 140/2024, que deu origem à norma jurídica, é de autoria do deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA) e foi aprovado por unanimidade no parlamento paraense no dia 12 de fevereiro. Além de a nova legislação declarar o Caminho das Pedras como patrimônio histórico, a norma também o reconhece como parte fundamental da memória coletiva dos quilombolas do Abacatal.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Localizada em uma área de transição entre o rural e o urbano de Ananindeua, município da Região Metropolitana de Belém, o Quilombo do Abacatal abriga cerca de 150 famílias descendentes de quilombolas que ocupam o território desde 1710, totalizando mais de três séculos de resistência e luta pelo reconhecimento de seus direitos.
Sua origem está ligada aos engenhos de cana-de-açúcar situados nas proximidades de Belém e ao longo dos rios Guamá, Bujaru, Acará e Moju, comuns nos séculos XVIII e XIX. Os moradores da comunidade desenvolvem diversas atividades econômicas, como o cultivo de roçados e hortas, a produção e venda de carvão, a coleta e comercialização de açaí, além da extração de madeira e pedra.
Segundo relatos, o engenho Uriboca, pertencente ao Conde Coma Mello, foi deixado como herança para três de suas filhas, conhecidas como as “Três Marias”, fruto da relação do conde com a escrava Olímpia. Esse evento deu origem ao Quilombo do Abacatal, cujo território foi demarcado, regulamentado e titulado desde 1999.
O Caminho das Pedras é um marco histórico e um símbolo da memória coletiva local. Datado do século XVIII, trata-se de uma via com aproximadamente 500 metros de extensão e meio metro de largura, ligando a margem do igarapé Uriboquinha à antiga sede da fazenda do Conde Coma Mello.