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Carolina Maria de Jesus faria 110 anos, conheça sua trajetória

A escritora deixou um legado eterno para a literatura brasileira; Instituto Moreira Salles (IMS) lança site para homenageá-la
A imagem mostra a escritora Carolina Maria de Jesus em uma janela com um livro nas mãos.

Foto: Reprodução

14 de março de 2024

“Onde já se viu uma coisa dessas, uns homens grandes tomando brinquedo de criança. Deixe estar que eu vou botar vocês todos no meu livro!”. Foi a partir dessa frase que Carolina Maria de Jesus chamou a atenção de um repórter que passava pelo bairro do Canindé, Zona Norte de São Paulo. A escritora, que completaria 110 anos hoje (14), deixou um legado e obras dignas de serem lembradas para além de sua passagem na terra. 

Foi no fim dos anos 1950 que o jornalista Audálio Dantas, em uma reportagem sobre um parque infantil, para o extinto jornal Folha da Noite, se deparou com Carolina. Curioso, foi atrás de descobrir quem era a escritora favelada que ficaria conhecida mundialmente.

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Pouco mais de um século após seu nascimento, Carolina é uma das principais escritoras que o Brasil já teve. Seu livro “Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada”, é um clássico da literatura nacional, foi traduzido para 13 idiomas e publicado em mais de 40 países. 

Lançado em 1960, a obra vendeu mais de 80 mil exemplares. Nele, a autora apresenta o diário de sua vida após deixar Sacramento (MG), sua cidade natal, para viver nas periferias de São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica e catadora de papel. O título do livro remete a uma de suas frases: “A favela é o quarto de despejo da cidade”.

Carolina foi uma mulher negra, mãe e escritora. Em seu livro de maior sucesso, retratou a rotina de criar sozinha três crianças, a miséria, a fome e as dores de viver em um barraco às margens do Rio Tietê, sem estrutura, sem estudo, mas com papéis que reuniu em suas andanças atrás do sustento. Foram 20 cadernos com anotações que se transformaram em uma obra renomada da literatura brasileira. 

Carolina Maria de Jesus morreu pobre e sobrevivendo como catadora de lixo novamente, em 13 de fevereiro de 1977, pouco antes de completar 63 anos. Ela sucumbiu a discriminação e ao desprezo de uma classe elitizada que menosprezou suas obras. 

Redescoberta em 1990, graças ao empenho do pesquisador brasileiro Carlos Sebe Bom Meihy e do norte-americano Robert Levine, que juntos publicaram o livro “Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus”. Fora do Brasil, Carolina não foi esquecida. O “Quarto de Despejo” foi usado durante anos em escolas dos Estados Unidos. 

Em vida, o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios, foram publicados, ambos em 1963. Após sua morte, Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996) também nasceram para a literatura. 

Em celebração aos 110 anos de Carolina Maria de Jesus, o Instituto Moreira Salles lançou hoje (14) um site para homenagear a autora, a página se organiza em quatro seções: Biografia, Obras, Arquivo Vivo e Encontros. 

O site tem como objetivo ser um ponto de encontro, no qual admiradores, estudiosos, leitores e todas as pessoas que se sentem tocadas por Carolina poderão compartilhar aspectos preciosos de sua vida e obra em movimento.

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  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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