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Com poesias sobre afeto e erotismo, Mel Duarte lança “Mormaço”

12 de agosto de 2019

Com participações especiais, a ideia do projeto é apresentar a poesia de Mel Duarte por meio da música

Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem / Helen Salomão – Dvulgação

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O ano era 2012. Foi ali que a escritora e poeta Mel Duarte ouviu o projeto chamado “3 na massa”, produzido por Rica Amabis (Instituto), Dengue (Nação Zumbi) e Pupillo (Nação Zumbi), com letras escritas por homens e cantadas por mulheres. As letras chamaram a atenção de Mel, mas ela sentiu falta de uma mulher escrevendo.

Anos depois, conhecida por declamar textos em saraus, ela lança “Mormaço – entre outras formas de calor”. “A escolha do nome é justamente a sensação térmica que quero provocar em quem escutar o disco. Eu quero convidar as pessoas a esquentarem seus corpos, quero apresentar outras formas de calor, só que através da minha poesia” , observa Mel.

Mel é escritora, poeta, slammer, produtora cultural e atua com literatura desde 2006. Publicou os livros “Fragmentos Dispersos” (2013), “Negra Nua Crua” (2016, editora Ijumaa), “Negra Desnuda Cruda” (2018, ediciones ambulantes, Madrid, ES) e “Querem nos calar: Poemas para serem lidos em voz alta” (2019, Editora Planeta).

Em 2016, foi a primeira mulher a vencer o Rio Poetry Slam (campeonato internacional de poesia), evento dentro da FLUP (Festa Literária das Periferias) no Rio de Janeiro. No ano seguinte, representou o Brasil no Festilab Taag, em Luanda, capital de Angola.

Com dez faixas, “Mormaço” foi pensado no estilo spoken, pouco conhecido no Brasil, mas bastante celebrado por artistas norte-americanos de soul-jazz desde a década de 70. O spoken é uma performance artística em que as letras de músicas, poemas ou histórias são faladas ao invés de cantadas.

“Fui atrás de referências nacionais e achei pouca coisa, diferente do que a gente encontra no exterior. Nas pesquisas, percebi que esse é o primeiro disco de spoken word de uma poeta e slammer negra brasileira. Acho isso muito doido”, analisa Mel. “Eu estava cozinhando esse projeto há anos e quando resolvi colocar ele em prática, levei 6 meses. É um investimento diferente de fazer um livro. Foi um universo novo todo pra desbravar” completa.

Sade, Diana King, Les Nubians Erykah Badu, Anelis Assumpção, Céu, Elza Soares, Curumin e Tássia Reis foram algumas inspirações para a concepção do projeto. O trabalho tem seis faixas inéditas. Algumas foram inspiradas em poemas, como “Sentinela”, escrita depois da leitura do livro “Exu em Nova Iorque”, de Cidinha da Silva, e “Faminta”, criada depois de pensar sobre um poema de Stela do Patrocínio.

Com produção musical de Dia, que já assinou discos de “Tássia Reis”, “Rimas e Melodias” e “Brisa Flow”, o trabalho tem poesias sobre amor, afeto, paixão e erotismo. A fotografia da baiana Helen Salomão, que assina as fotos do disco “Bluesman” de Bacu Exu do Blues, aparece em cada faixa. Salomão criou uma imagem para cada música.

As cantoras Bia Ferreira, em Faminta, Nina Oliveira, em Hoje Eu, e o rapper Amiri, em Sentinela, fizeram participações na obra. “Quando decidi fazer o disco um nome já era certo na minha cabeça: Nina Oliveira. Sou muito fã dessa garota, já fizemos muitas coisas juntas e sabia que ela seria a cereja desse bolo”, relembra Mel.

“Uma coisa muito importante era contar com participações de pessoas negras. Escrevendo as letras eu entendi que Bia e Amiri eram as pessoas certas para me acompanhar nas faixas. Antes de ser amiga dessas pessoas eu já era fã. Ter um trampo com elas foi a realização de um sonho. E hoje, ouvindo, vejo que foi uma escolha muito sábia”, define.

Outra motivação para o trabalho foi a necessidade que a artista sentia em de falar sobre amor e das coisas simples do cotidiano. “Minha intenção é propor uma pausa no meio do caos pras pessoas se deixarem levar por boas sensações, para se lembrarem que o afeto é importante, principalmente para nós negrxs, pelo peso imposto da sociedade”, comenta Mel em alusão ao racismo.

“Precisamos levantar a bandeira do afeto para enfrentar a realidade dos dias que estamos vivendo. Eu acredito tanto que a gente pode nutrir esses bons sentimentos que fiz um disco para me lembrar disso, e não deixar ninguém esquecer também”, finaliza.

O disco está disponível nas principais plataformas de música: Spotify | Youtube

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