Compartilhar histórias pode ser uma forma eficiente de revitalizar espaços e promover um futuro mais inclusivo e sustentável para a comunidade. Essa é a premissa do projeto “Diálogos Construtivos”, na cidade de Santos, litoral paulista.
A iniciativa é resultado da parceria entre o Instituto Elos, a Associação de Moradores da Rua João Carlos da Silva e a Associação de Moradores do Bairro São Manoel e o edital de fomento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.
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Recentemente, a área do São Manoel, em Santos, litoral paulista, foi incluída no programa Periferia Viva, do Ministério das Cidades, que visa à regularização fundiária e à realização de obras de urbanização, saneamento e infraestrutura.
Embora o programa ofereça novas perspectivas para o desenvolvimento do território, muitos dos espaços comunitários, criados e geridos pela população, ainda necessitam de melhorias — ponto de partida da atuação do projeto.
Durante sete meses, espaços comunitários do bairro, em especial o Centro Comunitário do Caminho São Manoel, vão passar por um processo de revitalização, com a implementação de soluções criativas e sustentáveis, de baixo custo, graças ao assessoramento técnico e às oficinas participativas previstas no edital.
A proposta busca unir conhecimentos técnico e local, uma vez que boa parte da programação envolve a escuta da população em espaços de resgate de histórias e de vivências dos moradores.
“A própria metodologia do projeto é voltada a uma construção participativa e baseada na integração de conhecimentos diversos. Temos de um lado a expertise técnica das soluções sociais e urbanas, a partir da equipe Elos, e a experiência e memória do território por parte das pessoas que todos os dias, são as protagonistas dos desafios que queremos superar aqui. Resgatar o passado e refletir sobre o presente nos ajuda a sonhar de maneira participativa o futuro do bairro São Manoel”, destaca a co-fundadora e diretora de projetos do Instituto Elos, Natasha Gabriel.
Registro da memória coletiva
Uma das entregas do projeto é o Museu Comunitário no São Manoel, com um circuito itinerante pelo bairro, um sonho que a comunidade constrói desde 2024, quando participou do Guerreiros Sem Armas, programa de formação internacional de lideranças de impacto social.
Em julho, pessoas inscritas na formação e moradoras do bairro atuaram lado a lado em mutirões (dias de trabalho intenso e coletivo) em busca de ferramentas para revitalizar pontos focais do bairro.
Após o programa, a equipe do Instituto Elos colaborou com a criação de um local para registrar histórias como uma forma de valorizar legados e romper com os estigmas de violência e escassez associados à região.
“A memória coletiva é uma forma de fortalecer a ideia de pertencimento e de protagonismo do território. O São Manoel é uma das regiões que mais se sente afastada do resto da cidade, e ao construir um museu, estamos oferecendo um espaço de cultura, mas que também promove orgulho, manda o recado de que aqui é um território cercado por potências”, destaca a facilitadora do projeto, a socióloga Vitória Santos.
Moradoras da região interessados em contribuir para o projeto de revitalização podem se inscrever nas atividades previstas por meio de formulário disponível aqui.