“Qual é o seu dia, Nossa Senhora? É dia 2 de fevereiro, quando, na beira da praia, eu vou me abençoar”, interpreta Maria Bethânia na canção “Iemanjá Rainha do Mar”, em homenagem à rainha dos mares.
O nome Iemanjá tem origem no idioma africano yorubá. É ela quem cuida da cabeça e do coração dos que a cultuam, tanto no Candomblé como na Umbanda. Conhecida por sua generosidade e força, a divindade é considerada dona das águas e mãe de todos os orixás.
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Iemanjá tem uma história tão profunda quanto as águas que domina. Com origem às margens do rio Yemonja, na Nigéria, a divindade recebeu o título de deusa dos mares quando chegou em terras brasileiras com seus filhos. Iemanjá se tornou uma entidade capaz de unir raízes ancestrais.
Segundo a tradição, “Ye omo ejá” significa “mãe cujos filhos são peixes”. É comum que Iemanjá seja sincretizada com figuras de outras religiões, como “Janaína”, que é uma divindade da cultura indígena.
“Nós dizemos que todas as religiões são de alguma forma sincréticas, no sentido de que haverá sempre influência do meio, da cultura e dos contatos ocorrido no processo de organização das instituições”, comenta a pesquisadora Claudia Alexandre, em entrevista à Alma Preta.
Festa de Iemanjá
Reconhecida como Patrimônio cultural de Salvador, a festa de Iemanjá, realizada anualmente em 2 de fevereiro, é considerada a maior celebração da cultura afro-brasileira da Bahia.
Conforme abordado em publicação da Alma Preta, a tradição começou em 1923, quando pescadores da Colônia de Pesca Z1 resolveram oferecer presentes à rainha do mar como forma de almejar fartura de peixes. Desde então, todos os anos os pescadores oferecem presentes à Iemanjá e contam sempre com a participação de representantes de terreiros de candomblé da Bahia.
Além disso, por mais de cem anos, era comum que a tradicional festa de Iemanjá contasse com a figura de uma mulher branca, de cabelos lisos e olhos azuis no barco onde os pescadores fazem o ritual de entrega de presentes à orixá, na praia do Rio Vermelho.
Em 2023, a capital baiana ganhou uma nova escultura para a celebração. Desde então, a representação da orixá tem um novo perfil: uma mulher preta, com traços negróides e cabelos com dreads. A obra foi instalada na Colônia de Pescadores Z1, fruto de uma iniciativa idealizada pela Colônia de Pescadores Z-01, em parceria com o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), com o intuito de resgatar os significados simbólicos da cultura africana na Bahia.