No pequeno Distrito de Upatininga, Zona Rural de Aliança, Zona da Mata Norte de Pernambuco, algo mágico está acontecendo. Nas mãos de crianças e adolescentes, filhos de trabalhadores rurais e da lavoura, o celular, que para muitos é apenas um meio de entretenimento, tornou-se uma ferramenta poderosa de transformação e criatividade.
Juntos, mais de 30 participantes vão realizar, neste sábado (14), a 1ª Mostra de Cinema de Rua, na qual reúne, vários trabalhos produzidos pelos participantes. Esta é a primeira vez que o público infantojuvenil da comunidade tem a oportunidade de contar, sob a ótica de sua vivência, tudo sobre a cultura e a realidade local.
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O evento, aberto ao público, acontece em frente à sede do Ponto de Cultura 15 de Novembro, instalado na localidade, a 90 km do Recife.
Incentivado pela Lei Paulo Gustavo e o Governo de Pernambuco, o “Projeto Compassos na Tela” vai exibir, na noite do sábado, cinco vídeos produzidos pelos alunos do curso. Os temas, roteiro e abordagem de cada filme foram definidos entre os alunos. As produções audiovisuais com celular dão destaque às ações culturais e socioeducativas desenvolvidas na própria localidade de Upatininga.
Entre os trabalhos, há um filme sobre o frevo. Há, ainda, por exemplo, outro vídeo “Crianças Brincantes”, que dá enfoque à participação das crianças no maracatu rural e ao trabalho dos brincantes da comunidade para manter a cultura viva através das crianças.
O cinema de rua do “Projeto Compassos na Tela”, é uma iniciativa de interação de linguagem do audiovisual que busca trabalhar, paralelamente, com as metodologias e linguagens desenvolvidas nas aulas, processos criativos que são desenvolvidos dentro Escola de Frevo Zezé Corrêa – espaço cultural em funcionamento na comunidade, e mantido pelo Ponto de Cultura 15 de Novembro.
A mostra de cinema de rua com dispositivos móveis, disponibilizará, em todos os vídeos, legendas para surdos e ensurdecidos (LSE), como medida de acessibilidade.
“Um curso como esse é essencial para a cultura popular, pois o registro dos saberes orais dos mestres, dos brincantes é essencial para a manutenção da cultura viva, e o celular, uma ferramenta tão acessível, que está na palma da nossa mão, e precisa ser visto e utilizado como um aliado no registro, documentação, preservação, salvaguarda e difusão de nossa própria cultura e história” afirma Adri Popular, ministrante do curso e também coordenador pedagógico da Escola de Frevo Zezé Corrêa.