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Rico Dalasam narra saga sobre amor, dor e alívio em novo álbum

Em entrevista à Alma Preta, músico faz balanço sobre carreira, afeto e música ao falar do novo trabalho que vem com filme e promessa de livro com poemas

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Larissa Zaidan/Divulgação

Dalasam

12 de março de 2021

A arte é o modo, muitas vezes a razão, como Rico Dalasam vê e interpreta o mundo ao redor. O artista conta que, aos 30 anos de idade e cinco anos de carreira, traz na sua obra a própria experiência de vida e histórias contadas por amigos e parentes.

Essas experiências acumuladas de afetividade preta e a sagacidade de quem observa o mundo com cuidado e mergulha fundo nas emoções estão em “Dolores Dala, o Guardião do Alívio”, álbum lançado nesta sexta-feira (12) com 11 faixas que, juntas, compõem uma fábula de amores complicados, entrega, violência, abuso, dor, reconexão e alívio.

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“Estamos tratando sobre o lúdico entre a dor e o alívio. É um disco sobre a subjetividade preta no sentido de meditar sobre o que é o corpo negro disponível e à mercê. Isso também pode ser estruturalmente violento”, conta Rico Dalasam, em entrevista à agência Alma Preta.

Segundo o músico, as histórias entrelaçadas no álbum representam vivências recorrentes de homens, mulheres, homens trans e mulheres trans de 20, 30 e 40 anos sobre o amor e negritude. “Se fosse feita uma pesquisa, um estudo, os dados seriam bem próximos disso. No imaginário social, fruto da colonização, o corpo negro não está plenamente habilitado para receber o afeto, o tal do amor”, avalia.

Na faixa “Estrangeiro”, que encerra o álbum com um tempero gostoso de samba, Dalasam fala sobre a cura e a reconexão da afetividade negra.  “Você precisa voltar para um lugar de acolhimento para se cuidar. É um olhar sobre esse afeto negro, de um corpo afro-latino, dentro de um território colonizado”, explica.

O álbum tem faixas com romantismo rasgado como em “Vividir” e “Braile”, canção que recebeu o prêmio de música do ano no Prêmio Multishow de 2020.

“Dolores Dala, o Guardião do Alívio” chega acompanhado de um curta-metragem que reverbera os conceitos do álbum e da fábula narrada nas canções. “A gente vai embora não porque acabou o amor, mas porque acabou a fé. Não existe mais elasticidade para viver aquilo”, conta o músico.

Projeto DDGA

O projeto DDGA sobre afetividade e amor negro ainda tem desdobramentos possíveis na perspectiva de Dalasam. Uma das possibilidades é um livro de poemas.

“Eu tenho uma vida afetiva muito curta, creio. Tenho 30 anos, mas a primeira vez que namorei foi aos 25. É uma bagagem pequena, talvez por isso o assunto me interessa tanto. Mesmo sem ter a vivência, eu vejo as coisas à minha volta, sobretudo, para entender como é a construção desse ‘lugar afetivo’ sendo eu um homem negro e gay”, detalha.

Antes de começar o projeto do DDGA, Rico ficou dois anos sem lançar músicas novas, no que ele chama de “prática da ausência”, uma fase necessária para evitar uma situação de esgotamento. Foi então que surgiu a ideia de lançar o EP que serviu como prefácio do DDGA, no ano passado.

“Eu estava numa demanda do pop, servindo coisas que estavam me esticando muito, chegando bem perto talvez de um rompimento. Então fiquei esses dois anos vendo em qual galho eu iria me agarrar nessa correnteza. Então veio a canção ‘Braile’ com esse caminho da subjetividade e do afeto”, finaliza o artista.

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