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Documentário ‘Mundo Invisível” retrata luta pela sobrevivência na periferia de São Paulo

Dirigido por Mailson Soares, mini-doc faz leitura ácida sobre os impactos da sobrecarga de trabalho e falta de perspectivas para os trabalhadores 

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Do Capão a Hollywood

rapaz de perfil e boné no documentário mundo invisível

rapaz de perfil e boné no documentário mundo invisível

9 de junho de 2021

O documentarista Maílson Soares, 29 anos, fez o roteiro e dirigiu o vídeo-documentário ‘Mundo Invisível’, que é lançado nesta nesta quarta-feira, dia 9, no canal do diretor no Youtube. O documentário foi finalizado em Los Angeles e gravado no Brasil durante quatro semanas de produção e três dias no bairro do Capão Redondo, na zona Sul de São Paulo, onde Maílson cresceu e tem familiares.

Feito durante a pandemia de Covid-19, o curta metragem retrata a vida de pessoas em luta pela sobrevivência na periferia de São Paulo. A pós-produção levou quatro meses e foi feita nos EUA, de onde Maílson conversou com a Alma Preta Jornalismo sobre a proposta do projeto.

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A ideia de fazer o documentário Mundo Invisível surgiu a partir das reflexões do diretor sobre a desigualdade racial no Brasil. “A maioria das pessoas no Brasil ainda sofre com a falta de coisas básicas, tipo educação e comida. Eles trabalham duro para ter o mínimo. A tecnologia que deveria auxiliar no desenvolvimento, ao contrário, exerce um papel de exploração colonialista nas periferias. Ela beneficia a mesma parcela da sociedade como de costume. Isso me machuca”, diz o diretor.

Morando há seis anos nos EUA, após uma carreira vitoriosa no audiovisual com trabalhos para MTV, TV Cultura e Rede Globo, Mailson desenvolve o projeto “Do Capão a Hollywood” sobre questões sociais e ativismo.

Ao lado de João Wainer e Ricardo Souza, ele dirigiu o videoclipe Voz Ativa 2020, do rapper Dexter, com participações de Mano Brown, Coruja BC1 e Djonga.

O pai de Maílson era montador de palco e levou o filho para estudar direção de fotografia e iluminação no Instituto Criar, escola de audiovisual, no bairro do Bom Retiro, na região central de São Paulo.

“As condições de trabalho para quem mora na periferia, em plena era da tecnologia, são condições muito parecidas com o período da escravidão. Essa galera tá lá e ninguém vê. A quebrada está cheia dessas histórias e o mundo ignora isso”, pontua.

O documentário faz recortes de histórias e mostra trechos do cotidiano dos personagens que trabalham em jornadas cada vez maiores e com perspectivas menores. “A história de cidade grande, com muitas oportunidades, foi uma promessa que contaram para muitas gerações, mas nunca contam, realmente, para quem são as oportunidades. Os explorados vivem num mundo invisível”, acredita Maílson.

O documentário traz uma pergunta e também uma reflexão sobre o cotidiano dos jovens que tiram a sobrevivência, deles e da família, duelando com as regras impostas pelos aplicativos de delivery.

“Quanto vale a vida do trabalhador brasileiro? Depende do lugar onde você mora, depende das roupas que está vestindo e coisas fúteis que não determinam o caráter de uma pessoa. Bem-vindo ao mundo invisível”.

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