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Grupo de rap quilombola lança single ‘Atitude e respeito’; conheça a trajetória

O Realidade Negra é formado por cinco músicos do Quilombo do Campinho da Independência (Paraty-RJ), que homenageiam suas raízes através da música e da arte

Texto: Letícia Fialho | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação

Imagem mostra show do grupo Realidade Negra

2 de novembro de 2021

O grupo Realidade Negra nasceu em 2004 através da união de cinco primos que depois de ouvirem um disco dos Racionais MC’s, perceberam a necessidade e vocação para a escrita de letras de rap. Desde o início, os artistas falam sobre suas vivências na comunidade do Quilombo do Campinho da Independência, em Paraty, município do Rio de Janeiro. Agora, retomam as atividades musicais, interrompidas pela pandemia, com o novo single “Atitude e respeito”, disponível nas principais plataformas de streaming

“Ficamos mais de um ano sem nos encontrar para produzir devido à pandemia. Depois da vacina, decidimos voltar às atividades normais. Agora só faltam os show, mas já temos um cronograma com vários lançamentos para o próximo ano, o primeiro deles é o single ‘Atitude e Respeito’ que espero que agrade ao público”, conta o guitarrista Negro Naldo. 

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A banda é formada por Nelião e Mano Romero, que idealizaram o projeto, o baixista e vocal Body Power, Negro Naldo na guitarra, violão e voz e B2 também guitarrista. Os primeiros shows do grupo de rap quilombola aconteceram na própria comunidade. Depois de dois anos o trabalho evoluiu em um potencial artístico e militante. Em mais de uma década os músicos se apresentaram em vários estados do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste brasileiro.

“Nesses 15 anos nós viajamos o Brasil e por mais que o grupo seja pouco conhecido, ele possui uma trajetória relevante. Neste trabalho artístico-militante, relacionamos o rap com a nossa vida cotidiana. Buscamos dialogar com o nosso contexto através do uso de recursos como berimbau, atabaques, tambores de jongo. Deste modo incorporamos elementos da identidade sonora da nossa comunidade para cada single nosso”, explica Negro Naldo.  

Uma curiosidade sobre o Realidade Negra é que o grupo ficou conhecido simplesmente como ‘RN’, que para muitos representa as iniciais dos fundadores e MC’s Nelião e Mano Romero. 

Desde 2007, o fórum das comunidades tradicionais reúne os caiçaras, quilombolas e indígenas do contexto territorial-regional que permeia o Quilombo do Campinho da Independência, por esse motivo, em um processo de amadurecimento da banda, os integrantes passaram a falar em suas músicas também sobre cultura caiçara e indígena. Negro Naldo relata que isso veio como um processo orgânico e que passaram a usar outros discursos para além da luta quilombola. 

Trajetória 

O primeiro álbum foi lançado em 2009, com o nome “Realidade Negra – É prus guerreiros a missão”, gravado ao vivo, em um show no quilombo durante o evento anual de 20 de novembro, o Encontro da Cultura Negra. 

Ao longo de sua trajetória o RN já dividiu palco com grandes nomes do rap como Rappin Hood, GOG, DMN, BNegão, Babu Santana, Tony Garrido, Sandra de Sá, Leci Brandão, Netinho de Paula, Zezé Motta, entre outros. 

Uma parceria com outro grupo da mesma comunidade, o Boemia do Samba e com Rapha Fellove, do Quilombo de Botafogo de Cabo Frio-RJ, resultou na música oficial da campanha “O Brasil É Quilombola – Nenhum Quilombo a Menos”, em defesa dos direitos desses povos tradicionais.

Em uma das edições da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, o grupo teve a oportunidade de participar de uma mesa com o poeta inglês Benjamin Zephaniah, momento importante na carreira do grupo. 

“Ao longo da trajetória tivemos muitas mudanças, como o mercado musical, que no início se organizava de outra forma. Outro fato é que a internet revolucionou o cenário musical e encurtou a distância entre quem consome e quem produz. Antigamente o custo era muito alto para produzir e veicular. Além disso, houve a mudança política do país. Estamos vivendo um momento de tensão que afeta a cultura, principalmente para os grupos que se articulam e cantam politicamente”, completa Negro Naldo.

Leia também: 25 anos da Conaq: avanços e retrocessos na preservação dos territórios quilombolas

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