Um novo estudo intitulado “Números da Discriminação Racial” destaca a persistência das disparidades raciais e de gênero no Brasil, apesar de alguns avanços. Organizado pelos pesquisadores Michael França e Alysson Portella, o livro será lançado em Salvador na próxima terça-feira (23), às 18h, no Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador, na Praça Municipal, no Centro Histórico.
O estudo, que conta com análises de pesquisadores do Núcleo de Estudos Raciais do Insper e convidados, ressalta a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes para lidar com as desigualdades raciais no país. Além disso, oferece uma visão abrangente da literatura empírica relacionada à estimativa da discriminação e disparidades raciais.
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Um dos destaques do estudo é o capítulo sete, intitulado “Desigualdade de gênero e as camadas da discriminação”, onde os autores apresentam dados que revelam uma redução significativa na disparidade de rendimento médio entre homens e mulheres brancas desde a década de 80 até os dias atuais. Segundo a pesquisa, em 1982, o rendimento médio das mulheres brancas equivalia a 55% do valor recebido pelos homens brancos, enquanto em 2021, esse número aumentou para 80%.
No entanto, para homens e mulheres negros, a situação é diferente. Em 1982, o rendimento médio dos homens negros representava apenas 50% daquele observado para os homens brancos, aumentando para 58% em 2021. Já para as mulheres negras, o rendimento médio em relação ao dos homens brancos era de apenas 28% em 1982, chegando a 46% em 2021.
Esses dados destacam que, embora as mulheres brancas tenham visto uma melhora significativa em sua disparidade de renda em comparação com os homens brancos, as mulheres e homens negros continuam a enfrentar desafios consideráveis. O estudo sugere que políticas e ações voltadas exclusivamente para a questão de gênero não são suficientes para abordar as demandas das mulheres negras, que permanecem como o grupo mais vulnerável diante dessas desigualdades.