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Novo livro de Stefano Volp expõe marcas da violência paterna nas famílias

Autor investigou as dores sensíveis e insensíveis provocadas pelo patriarcado, vividas por pessoas de todos os gêneros, além de se basear em vivências pessoais de sua infância
O escritor e romancista Stefano Volp.

O escritor e romancista Stefano Volp.

— Victor Vieira

18 de janeiro de 2025

O escritor Stefano Volp apresenta sua mais nova obra, “Santo de Casa”, em pré-venda na internet. Lançado pela Editora Record, o livro é um romance contemporâneo que narra a história de três irmãos que se reúnem para organizar um velório após a morte trágica do pai, Zé Maria.

Enquanto a cidade se organiza em uma procissão para se despedir de um homem tão querido, mãe e filhos atravessam as complexidades do luto pelo patriarca que, apesar da saudade, deixou na família marcas de violência e opressão. 

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Para construir uma narrativa que mostre a complexidade da violência familiar em múltiplas formas, Volp investigou as dores sensíveis e insensíveis provocadas pelo patriarcado, vividas por pessoas de todos os gêneros, além de se basear em vivências pessoais de sua infância

“O livro nasce da escuta de histórias que me cercaram pelas cidades da Baixada Fluminense por onde cresci, ou seja, histórias vividas entre quatro paredes por lares que lutaram para sobreviver contra o feminicídio, os horrores do machismo e as violências do patriarcado. Em contraste com o peso da narrativa, Santo de casa se passa no Arraial do Sana, uma região de serra e Mata Atlântica, na cidade de Macaé/RJ. Me abriguei neste lugar por muitos dias para reconstruí-lo da maneira mais fiel possível”, reforça o escritor. 

Volp costuma abordar com frequência temáticas como a crítica ao patriarcado e a violência de gênero, sendo que dentre os romances já escritos e publicados por ele, estão “O Segredo das Larvas”, “Nunca Vi a Chuva” e “O Beijo do Rio”, este com mais de 30 mil exemplares vendidos e que toca em pontos sociais bem nevrálgicos, como pedofilia e exploração sexual. 

“Santo de Casa”, porém, traz uma ousadia nova e necessária para os tempos atuais. “Neste livro abraço um gênero novo, experimento uma linguagem estranha e toco em feridas que nunca toquei. Construí uma família majoritariamente masculina para exemplificar o quanto o sistema patriarcal, além de rebaixar qualquer outro gênero que não o masculino, precariza a subjetividade dos próprios homens. Sinto que, sobretudo, minha conversa com os homens que me leem agora mergulha em águas ainda mais profundas”.

Diante de um desafio ainda maior para o mercado literário, onde pela primeira vez, desde 2007, o número de não leitores brasileiros ultrapassou o número de leitores, segundo a mais recente pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Instituto Pró-Livro, Stefano Volp acredita que o seu maior desafio seja reter um grande número de leitores e ao mesmo tempo ter a consciência do lugar de fala. 

“Talvez o maior desafio seja não reproduzir as ideias propagadas pela dominação masculina. Sou um homem negro que, apesar de tudo, ainda prova dos supostos privilégios do sistema de dominação patriarcal. O problema é estrutura e o patriarcado pressupõe uma corrente ideológica estrategicamente inculcada na sociedade e sustentada por instituições como o Estado, a escola, a igreja e a família. Desconstruir uma estrutura muitas vezes imperceptível exige coragem para cometer erros”, enfatiza o autor.

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