A música de cada escola puxa e transmite a mensagem de cada agremiação; o Alma Preta separou alguns samba neste ano que merecem atenção por resgatar a ancestralidade negra
Texto / Redação | Imagem / Iza Campos / Divulgação | Edição / Pedro Borges
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Os sambas-enredo das escolas de samba compõem a espinha dorsal de qualquer bom desfile. A música é o que puxa cada comunidade e o que transmite a mensagem da escola durante a passagem pelo Anhembi.
O resgate à ancestralidade ou o destaque a questões sensíveis do cotidiano da comunidade negra estão presentes na letra e no carnaval de escolas de samba como Barroca Zona Sul, Tom Maior, X-9 Paulistana, Mocidade Alegre e Camisa Verde e Branco.
Barroca Zona Sul
De volta ao Grupo Especial após 15 anos no Grupo de Acesso, a Barroca Zona Sul apresenta na passarela a história da líder quilombola Tereza de Benguela.
Trazida de Angola no século XVIII, Tereza comandou o Quilombo do Quariterê, que existiu entre 1730 e 1795, e foi exemplo da luta contra a escravidão no Brasil. No samba-enredo, a escola salda esta grande guerreira e as as lutas das “Terezas” dos dias de hoje.
“O nosso canto não é apenas um lamento / A coragem vem da alma de quem ergueu o parlamento / Do castigo na senzala à miséria da favela / O povo não se cala, oh Tereza de Benguela / Vem plantar a paz por essa terra / A emoção que se liberta / E a pele negra faz a gente refletir / Nossa força, nossa luta / De tantas Terezas por aí”.
Tom Maior
O tema do desfile da Tom Maior este ano é bem direcionado ao povo negro. Com o nome “É Coisa de Preto”, seu enredo ressalta a importância e a contribuição do negro no desenvolvimento e construção do Brasil.
“Se a vida deixou cicatrizes / Ideais são raízes do meu jeito de viver / Faço da minha negritude / Um legado de atitude, inspiração pra vencer / Lutar… É preciso lutar por igualdade / Liberdade… Fazer da resistência uma nova verdade”.
X-9 Paulistana
A X-9 Paulistana terá como tema no carnaval 2020 os batuques do Brasil. A escola, que fechará a primeira noite dos desfiles, fará uma viagem cultural pelo Brasil, contando um pouco da batucada de todas as regiões e religiões do país.
“Quando o toque ritmado toca o destino / Cada passo mostra o que passou / Sou um contador e conto a dor de um peregrino / Um som divino me enfeitiçou / Vi os ibejis beijarem a sorte / A morte singrar o oceano / Mudaram os ares, os mesmos olhares / Ferida no corpo, a alma espelha / Rufam tambores que marcam a pele vermelha / O som da marujada / Na tribo que festeja / Encanta a batucada / Começa a peleja”.
Mocidade Alegre
A Mocidade Alegre terá como enredo “Do canto das Yabás renasce uma nova morada”, que busca mostrar a reconexão com o criador universal através da força feminina, representada por orixás da água, como Iemanjá, a rainha das águas do mar, que representa a geração; e Oxum, orixá que tem sua força nas cachoeiras e representa o amor.
“Yabá cantou, o chão estremeceu / O corpo arrepiou, a lágrima correu / Oh, Mãe Rainha, te ofereço na avenida / A Mocidade, emoção da minha vida”.
Camisa Verde e Branco
“Ajayô: Carlinhos Brown, candomblés, tambores e batuques ancestrais” será o samba-enredo da Camisa Verde e Branco deste ano. O desfile é uma homenagem ao cantor baiano Carlinhos Brown.
“Laroyê! Exu mojubá / Xeu êpa babá, meu pai Oxalá / É sangue africano correndo nas veias / Ecoa o batuque que vem do porão / A voz não se cala na dor da luta / Sou negro no açoite da escuridão”.