Tratando das trajetórias negras e indígenas a partir de seus próprios legados e trazendo à tona narrativas soterradas pela herança colonial, o espetáculo “AMÉFRICA: Em Três Atos”, do Coletivo Legítima Defesa, estreia nesta quinta-feira (22) na Arena do Sesc Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro.
Dirigido por Eugênio Lima, a montagem do coletivo paulistano apresenta as convergências negras e indígenas com dramaturgia de Claudia Schapira, Aldri Anunciação e Dione Carlos.
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O espetáculo é baseado no conceito de “Amefricanidade”, da intelectual negra mineira Lélia Gonzalez, termo que consiste em explicar a experiência comum de mulheres e homens negros na diáspora e a experiência de mulheres e homens indígenas contra a dominação colonial.
A história refere-se ainda às sabedorias e às experiências negras e indígenas no continente americano, se aproximando ao quilombismo de Abdias Nascimento.
Em “AMÉFRICA: Em Três Atos”, o Coletivo Legítima Defesa apresenta, de forma poética e política, as confluências negras e “ameríndias” e seus desdobramentos sociais e históricos no Brasil.
“Temos muitos aliados que moram no Rio de Janeiro, e estamos muito felizes que alguns deles estarão conosco, ao vivo, no palco. Outra coisa fundamental é a história do Rio de Janeiro, uma cidade tão central para a presença negra e indígena, que já foi chamada de maior cidade negra do mundo, no século XIX. E acho que nesse período, não existia nenhuma cidade com maior presença de pessoas negras do que o Rio de Janeiro, que teve no Cais do Valongo o maior porto de pessoas escravizadas da história da humanidade, e que ainda tem a aldeia Marakanã”, declara o diretor Eugênio.
Em três atos, o espetáculo faz o público refletir sobre as diversas formas de contar a história da sociedade brasileira e do continente “Amefricano”, abordando as trajetórias negras e indígenas que, em convergência, permitiram criar alianças a partir de suas vivências. O conceito de Lélia serviu de inspiração e as artes de Abdias disparam a iconografia do espetáculo, que estreou em 2022 em São Paulo e fará uma curtíssima temporada carioca.
A realização de “AMÉFRICA: Em Três Atos” é do Coletivo Legítima Defesa e convidados, e tem a direção de Eugênio Lima. No palco estão os integrantes do coletivo – Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Fernando Lufer, Nádia Bittencourt, Eugênio Lima e Luan Charles – além das atrizes convidadas Janaína Silva e Thaís Peixoto e Hukena Yawanawa (em vídeo) e da participação especial, ao vivo, de Antônio Pitanga, que além da estreia, no dia 22 de agosto, fará mais sete sessões especiais, durante a temporada.
Livro ‘Améfrica’
O livro “AMÉFRICA“, de Eugênio Lima, será lançado oficialmente no Rio de Janeiro, no dia 3 de setembro, na livraria da Travessa, em Botafogo, durante a temporada de apresentações do espetáculo no Sesc Copacabana. A obra explora as confluências entre as culturas afro e indígenas no contexto latino-americano, abordando temas de resistência, ancestralidade e contracolonização.
A obra traz textos, depoimentos e intervenções dramatúrgicas. O livro é constituído por textos escritos por autores negros, indígenas e aliados. Dividido em três partes, é formado por textos elaborados especialmente para a publicação, pela dramaturgia da peça “AMÉFRICA: Em 3 Atos”.
Recuperando o conceito proposto por Lélia Gonzalez, o livro procura colocar em diálogo as reflexões contemporâneas sobre as confluências entre os povos indígenas e afro-diaspóricos, visibilizando formulações diversas sobre devires afro-indígenas e suas múltiplas histórias.
Após a temporada no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro, o livro estará disponível em eventos especiais, incluindo o lançamento em São Paulo (SP), também agendado para setembro.
Serviço
Espetáculo “AMÉFRICA: Em Três Atos“
Quando: De 22 de agosto a 15 de setembro, de quinta-feira a domingo, às 20h
Onde: Arena do Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)