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‘Picadilha de Quebrada’: produção audiovisual da Alma Preta será exibida em festival de Belo Horizonte

Mostra contemporânea será palco do primeiro projeto ficcional da agência que retrata a realidade da juventude periférica
Imagem mostra um recorte do filme Picadilha de Quebrada, onde um garoto negro, com camisa de várzea olha para o espelho.

Foto: Alma Preta Jornalismo

29 de novembro de 2023

O filme “Picadilha de Quebrada”, uma produção da Alma Preta Jornalismo, será exibido na mostra contemporânea brasileira do Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, na quinta-feira (30), às 18h30, no Cine Humberto Mauro, localizado no Palácio das Artes. A produção fica disponível até o dia 3 de dezembro no site da mostra.

O primeiro projeto ficcional da Alma Preta é um mergulho no universo da moda produzida dentro das quebradas de São Paulo. As roupas dos times de várzea são o fio condutor da história, que nos leva até a realidade da juventude periférica e revela pontos-chave da vida desses jovens.

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O documentário conta com a fotografia de Patrick Silva e Guilherme Franco, também responsável pela produção de “Picadilha”. O roteiro é assinado por Aline Oliveira, enquanto a direção da obra fica por conta de Iuri Salles.

Produtor de temas de difícil acesso, como Cracolândia, pichação, crime organizado e violência institucional, o diretor compartilha que, dentro da cena audiovisual, há certa exigência em “ser completo” para dominar a narrativa. Salles conta que é comum escutar de diversos lados que “você tem que conhecer isso, tem que fazer dessa forma”, mas essa pressão não existiu no projeto.

“Uma das paradas que me trouxe onde eu estou foi não me prender a isso, eu não quero ser do jeito que tem que ser, por regras impostas sabemos por quem. Acredito que isso te liberta a fazer o que você realmente acredita como cinema. Me senti livre para criar um cinema preto, periférico, dentro dos nossos parâmetros”, diz.

imagem: Alma Preta Jornalismo

“Quem assistir ao filme vai olhar a rua com outros olhos”

Para o cofundador e diretor do audiovisual da Alma Preta, Vinicius Martins, “Picadilha de Quebrada” representa um marco na produção audiovisual da agência.

“É a primeira vez que a gente faz um filme 100% autoral, do zero, com 100% da equipe da Alma Preta. Ele também representa bastante o nosso desejo de se manter em contato com temas que são centrais para as periferias brasileiras, mas que não dizem respeito somente à segurança pública e violência, mas também sobre a cultura, a identidade e a diversidade de perspectivas e culturas que existem nas periferias do Brasil, especialmente na periferia de São Paulo, onde gravamos esse filme documentário”, afirma.

Martins também celebrou o fato de que essa é a primeira vez em que um conteúdo da agência é selecionado para uma mostra. “A repercussão é muito positiva. Esperamos que a gente consiga cada vez mais levar filmes e documentários que a gente produz para esses espaços, justamente para poder mostrar essa diversidade cultural, política e social que existem nas periferias brasileiras”, pontua.

Caio Cesar Danice, que atuou na produção do filme, falou sobre a importância de trazer os holofotes para os jovens da periferia, frequentemente discriminados não apenas por sua origem, mas também por sua estética.

“Eu mesmo já passei por várias, já apanhei de polícia. Para eles é rotineiro dar um tapa na cara nos meninos de quebrada. Você pode não estar fazendo nada, mas só de estar usando uma camisa [de futebol de várzea], só por ter um ‘jeito maloqueiro’, já era”, expressa.

Caio também acredita que “Picadilha de Quebrada” vai servir como alerta para os jovens moradores de comunidade. “Quem assistir ao filme vai olhar a rua com outros olhos. Eles têm que andar sempre mais atento porque sempre vamos ser oprimidos”, diz.
Confira o filme documentário completo no YouTube da Alma Preta Jornalismo.

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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