PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Solano Trindade, o poeta negro preso e perseguido na Era Vargas

O poeta, ator e multiartista ajudou a fundar entidades negras e foi perseguido na ditadura varguista por poema que denunciava a fome
A foto mostra o poeta e ativista do movimento negro, Francisco Solano Trindade.

A foto mostra o poeta e ativista do movimento negro, Francisco Solano Trindade.

— Reprodução / Arquivo / Escult

19 de fevereiro de 2025

Em 19 de fevereiro de 1974, há 51 anos, no Rio de Janeiro, morreu um dos precursores da literatura afro-brasileira, Solano Trindade. Conhecido como “o poeta do povo”, o escritor participou da fundação do Comitê Democrático Afro-brasileiro ao lado do amigo Abdias do Nascimento, intelectual do movimento negro no Brasil.

Francisco Solano Trindade nasceu em 24 de julho de 1908, na capital pernambucana, 20 anos após a abolição da escravatura. Com 26 anos, foi um dos idealizadores do Primeiro Congresso Afro-Brasileiro, liderado por Gilberto Freyre. Aos 28, o escritor fundou a Frente Negra Pernambucana, organização que lutava pelos direitos da população negra.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Suas obras refletiam o cotidiano da população negra e periférica, expondo desigualdades sociais. No poema “Tem Gente com Fome”, de 1944, o autor denuncia a miséria e a fome durante o governo de Getúlio Vargas, que censurou o material.

O texto integrava o livro “Poemas de Uma Vida Simples”, apreendido pela ditadura varguista. Solano Trindade ainda foi perseguido e preso pelo Estado Novo.

Além da poesia, Solano destacou-se como folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta, exercendo um papel fundamental na valorização da cultura nacional. Ele também criou, em 1950, o Teatro Popular Brasileiro (TPB), que promovia manifestações culturais negras ao palco, rompendo com o elitismo artístico da época.

O ator foi o primeiro a encenar a peça “Orfeu da Conceição”, em 1956, primeira a ser realizada om um elenco exclusivamente negro. Posteriormente, o enredo de Vinícius de Moraes foi adaptado para o roteiro de “Orfeu Negro”, primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar.

O legado de Solano Trindade permanece vivo na produção cultural afro-brasileira e no combate ao racismo. Suas obras reafirmam a importância da arte como instrumento de transformação social e são essenciais para compreender a história nacional sob a perspectiva das vozes marginalizadas.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano