Em 19 de fevereiro de 1974, há 51 anos, no Rio de Janeiro, morreu um dos precursores da literatura afro-brasileira, Solano Trindade. Conhecido como “o poeta do povo”, o escritor participou da fundação do Comitê Democrático Afro-brasileiro ao lado do amigo Abdias do Nascimento, intelectual do movimento negro no Brasil.
Francisco Solano Trindade nasceu em 24 de julho de 1908, na capital pernambucana, 20 anos após a abolição da escravatura. Com 26 anos, foi um dos idealizadores do Primeiro Congresso Afro-Brasileiro, liderado por Gilberto Freyre. Aos 28, o escritor fundou a Frente Negra Pernambucana, organização que lutava pelos direitos da população negra.
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Suas obras refletiam o cotidiano da população negra e periférica, expondo desigualdades sociais. No poema “Tem Gente com Fome”, de 1944, o autor denuncia a miséria e a fome durante o governo de Getúlio Vargas, que censurou o material.
O texto integrava o livro “Poemas de Uma Vida Simples”, apreendido pela ditadura varguista. Solano Trindade ainda foi perseguido e preso pelo Estado Novo.
Além da poesia, Solano destacou-se como folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta, exercendo um papel fundamental na valorização da cultura nacional. Ele também criou, em 1950, o Teatro Popular Brasileiro (TPB), que promovia manifestações culturais negras ao palco, rompendo com o elitismo artístico da época.
O ator foi o primeiro a encenar a peça “Orfeu da Conceição”, em 1956, primeira a ser realizada om um elenco exclusivamente negro. Posteriormente, o enredo de Vinícius de Moraes foi adaptado para o roteiro de “Orfeu Negro”, primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar.
O legado de Solano Trindade permanece vivo na produção cultural afro-brasileira e no combate ao racismo. Suas obras reafirmam a importância da arte como instrumento de transformação social e são essenciais para compreender a história nacional sob a perspectiva das vozes marginalizadas.