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Em Paris, o Planeta Olímpico

Em artigo de opinião para a Alma Preta, o professor universitário e experiente jornalista esportivo Cláudio Nogueira discorre sobre a capacidade histórica das Olimpíadas de fazer caber o mundo inteiro em uma só cidade.
A judoca francesa Clarisse Abegenou segura a Tocha Olímpica na Torre Eiffel, Paris, 15 de julho de 2024

Foto: AFP Photo/Paris 2024/Lionel Hahn

19 de julho de 2024

É como se o mundo inteiro coubesse numa só cidade, num parque aberto a pessoas de todos os países, de todas as idades, de todas as cores. Por cerca de três semanas, é mesmo como se o mundo ao mesmo tempo se tornasse tão grande quanto o universo e bem pequenino, para caber no coração de cada atleta, técnico, voluntário, torcedor. Mas, como isso é possível? Qual o segredo? Qual o mistério? O que é tão inexplicavelmente antigo e ao mesmo tempo contemporâneo? Gigantesco e íntimo? Repetido a cada quatro anos, mas também inigualável? São os Jogos Olímpicos, o maior evento da Humanidade.

Sim, sem exageros, os Jogos Olímpicos, que serão realizados em Paris entre 26 de julho e 11 de agosto, são o maior evento da Humanidade, a maior oportunidade para que esta se reúna, livre de preconceitos, em torno do esporte, para celebrar o próprio fato de todos serem homens e mulheres, independentemente de etnias, religião, classe ou nacionalidade. Embora alguém possa argumentar que campeonatos mundiais de vários esportes têm a participação de centenas de países, nas etapas finais dos Mundiais participam, por exemplo, 32 seleções.

No caso das Olimpíadas, são 206 nações. Neste total, além dos 193 países-membros da ONU, estão incluídos um Estado observador da ONU (Palestina); Estado-livre associado à Nova Zelândia, as Ilhas Cook; dois Estados com reconhecimento internacional limitado, o Kosovo e Taiwan; nove territórios com comitês olímpicos nacionais reconhecidos, como quatro territórios dos EUA (Samoa Americana, Guam, Porto Rico e Ilhas Virgens); três territórios britânicos (Bermudas, Ilhas Cayman e Ilhas Virgens Britânicas); um país constituinte do Reino dos Países Baixos (Aruba); e uma região administrativa especial da China, a de Hong Kong.

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A história dos Jogos Olímpicos recua até o século 8 antes de Cristo, quando foram realizados os primeiros Jogos da Antiguidade, na cidade grega de Olímpia. Era um festival religioso e esportivo, exclusivamente masculino, dedicado ao deus grego Zeus. O evento iria atravessar a história até ser proibido no século 4 depois de Cristo, pelo imperador cristão Teodósio, que considerava aquele festival esportivo um retorno ao paganismo.

A bandeira olímpica, ao lado da bandeiras dos países participantes da competição, é vista em Marselha, França, 17 de julho de 2024
A bandeira olímpica, ao lado da bandeiras dos países participantes da competição, é vista em Marselha, França, 17 de julho de 2024 (Christophe Simon/AFP)

Os Jogos Olímpicos iriam ressurgir no século 19, por meio do intelectual e empresário Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, que teve a iniciativa juntamente com outros desportistas, de criar os Jogos Olímpicos da Era Moderna. A primeira edição ocorreu em Atenas-1896, com 241 atletas masculinos de 14 países.

Quatro anos depois, os Jogos foram realizados em Paris, em 1900. Esta será a terceira vez dos Jogos na metrópole francesa, após aquela edição e a de 1924. Em 1900, os Jogos daquela cidade foram os primeiros com participação de mulheres: 135 entre pouco mais de três mil competidores. As atletas femininas tomaram parte em provas de saltos ornamentais, natação, esgrima, florete individual e tênis.

Em 1924, novamente na metrópole francesa, foi registrada uma presença expressiva de repórteres de rádios, revistas e emissoras de rádio, os veículos de comunicação existentes na época. Agora, um século depois, Paris vai marcar história novamente, já que, pela primeira vez na história, haverá 50% de atletas homens e 50% de atletas mulheres. Ou seja, do total de 10.500, serão 5.250 de cada sexo.

Graças ao poderio dos meios de comunicação, como os veículos impressos, rádio, TV e em especial, a internet, os eventos que terão lugar em Paris serão acompanhados pela população mundial de 8,2 bilhões de pessoas. Como já ensinavam os teóricos da comunicação, esta é a era da aldeia global, e cada piscina, estádio, arena ou ginásio é “multiplicado” ao infinito. Todo o planeta vira estádio, e é mesmo como se, nos Jogos Olímpicos, o mundo inteiro coubesse numa só cidade.

Cláudio Nogueira é convidado especial da Alma Preta para a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2024. Acompanhe seus textos ao longo das Olimpíadas.

  • Cláudio Nogueira

    Claudio Nogueira, de 59 anos, é jornalista desde 1986, tendo trabalhado no Jornalismo Esportivo desde 1993. Cobriu as Olimpíadas de 2004, 2008, 2012 e 2016, as Paralimpíadas de 2016, a Copa do Mundo de 2014, dois Mundiais de Basquete, cinco edições dos Jogos Pan-Americanos e vários GPs de F-1, F-Indy e Motovelocidade. Autor de diversos livros, como Futebol Brasil Memória, Os Dez Mais do Vasco, Dez Toques sobre Jornalismo e Esporte – Usina de sonhos e de bilhões.

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