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Políticos de direita não se retratam por fake news contra pugilista da Argélia

Publicações nas redes sociais dizem que a atleta, inscrita como mulher nos Jogos Olímpicos de Paris, teria "mudado de sexo" para disputar na categoria feminina, o que não é verdade
Comitê Olímpico Internacional expressou preocupação com as informações falsas que envolvem Imane Khelif.

Foto: AFP

2 de agosto de 2024

Políticos de direita utilizaram as redes sociais para espalhar informações falsas sobre a boxeadora argelina Imane Khelif. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Eduardo Girão (PL-RJ) e o também senador Sérgio Moro (União Brasil) chamaram a pugilista de “homem biológico” e questionaram sua participação nas Olimpíadas de Paris 2024, após sua vitória na primeira rodada da categoria até 66 kg do boxe feminino.

Imane Khelif está inscrita como mulher nos Jogos Olímpicos e não se identifica como transexual. Publicações nas redes sociais também dizem que a atleta teria “mudado de sexo” para disputar na categoria feminina, o que não é verdade. De acordo com a agência de checagens Aos Fatos, publicações com conteúdo enganoso sobre a pugilista acumularam ao menos 400 mil visualizações somente no X, antigo Twitter.

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O parlamentar Nikolas Ferreira compartilhou no X um vídeo que mostra um trecho da luta e afirmou que a adversária de Imane – a italiana Angela Carini – desistiu do combate após encontrar um “homem biológico socando a cara dela muito mais forte”. Ele também se referiu à argelina como uma pessoa “trans”. No entanto, Carini afirmou que abriu mão da luta por conta de dores no nariz, e negou qualquer relação com a condição da adversária. Até o momento, o deputado federal não se retratou.

O senador Eduardo Girão (PL-RJ), por sua vez, compartilhou uma imagem da adversária de Imane chorando após a luta e escreveu que é um “escárnio ver um homem biológico batendo numa mulher com gente assistindo e achando bom”. Ele também não fez nenhuma retratação até o momento.

Filiado à União Brasil, Sérgio Moro postou um vídeo  da luta e escreveu que “ninguém deve ser discriminado por sua opção sexual, mas precisa ter competição justa para mulheres”. Ele acrescentou que “colocar alguém que mudou de sexo para competir no boxe olímpico com uma mulher não é fair game”. 

Horas depois, Moro fez uma outra publicação em que afirmou ter recebido informações de que “não houve mudança de sexo”, mas ressaltou que, devido à atleta ter “falhado em critérios de elegibilidade para competir no boxe feminino perante a IBA [International Boxing Association]”, o problema persiste.

Em resposta às polêmicas, o Comitê Olímpico Internacional (COI) emitiu uma nota que expressa preocupação com os ataques enganosos que as atletas de boxe estão sofrendo nas redes sociais. Além disso, o COI questionou a validade dos testes aplicados pela IBA, considerando-os pouco claros e arbitrários.

“Esses ataques se baseiam inteiramente nessa decisão arbitrária, que foi tomada sem nenhum procedimento adequado – especialmente considerando que esses atletas participam de competições de alto nível há muitos anos”.

  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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