PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Proibição do uso de hijab nas Olimpíadas viola direitos humanos, afirma Anistia Internacional

Relatório da organização denuncia discriminação de decisão da França e revela impacto na inclusão esportiva das mulheres muçulmanas
Mulheres que se autodenominam "Hidjabers", utilizam hijab enquanto praticam esporte. A França proibiu que as atletas do país utilizem o vestuário religioso durante as Olimpíadas de 2024 em Paris.

Foto: Bertrand Guay/AFP

19 de julho de 2024

A Anistia Internacional publicou, na última terça-feira (16), um relatório de 32 páginas denominado “We can’t breathe anymore. Even sports, we can’t do them anymore” (“Já não podemos respirar. Até o esporte, não podemos praticar”, em tradução livre), que detalha o impacto da proibição de atletas francesas usarem lenços de cabelos ou hijab para competir nos Jogos Olímpicos de 2024. Segundo o órgão, a decisão expõe a hipocrisia discriminatória das autoridades da França.

“Impedir os atletas franceses de competirem com hijab esportivos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos zomba das alegações de que Paris 2024 é a primeira Olimpíada da Igualdade de Gênero“, disse Anna Bwabus, pesquisadora de direitos das mulheres da Anistia Internacional na Europa.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Em setembro do ano passado, a ministra de esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra proibiu atletas e integrantes das comissões técnicas do país de usarem símbolos religiosos durante os Jogos Olímpicos de 2024, o que inclui a proibição do véu islâmico, ou hijab. Em resposta, ativistas pediram o fim da proibição que deixa os atletas muçulmanos “excluídos e humilhados”, segundo organizações como a Aliança Sport & Rights, Human Rights Watch e a Anistia Internacional.

No entanto, faltando menos de dez dias para o início das competições, em 26 de julho, o país não deu sinais de que vai ceder aos apelos para que a política discriminatória seja anulada. A polêmica então retornou, com uma manifestação direta da Anistia Internacional.

“As regras discriminatórias que regulam o que as mulheres usam são uma violação dos direitos humanos das mulheres e meninas muçulmanas e têm um impacto devastador na sua participação no esporte, bloqueando os esforços para tornar os esportes mais inclusivos e mais acessíveis”, reforça Anna.

A Anistia Internacional ainda menciona que, apesar das repetidas exigências, o Comitê Olímpico Internacional (COI) até agora se recusou a pedir às autoridades esportivas na França para que anulassem suas proibições de atletas que usam o hijab nas Olimpíadas e em todos os níveis do esporte. 

Em resposta a uma coalização de organizações exigindo medidas, o COI alegou que a proibição dos franceses de hijab esportivos estava fora do âmbito do movimento olímpico, alegando que a “liberdade de religião é interpretada de muitas maneiras diferentes por diferentes estados”. A resposta não mencionou os direitos violados pela proibição, como a liberdade de expressão e o acesso à saúde.

A Anistia Internacional consultou as regras de 38 países europeus e descobriu que a França é a única com uma proibição semelhante do véu religioso, algo que contraria as regras de vestuário de outros órgãos esportivos internacionais como a Federação Internacional do Futebol (FIFA), Federação Internacional de Basquete (FIBA) e a Federação Internacional de Voleibol (FIVB).

Hélène Bâ, uma jogadora francesa de basquetebol, disse à Anistia que a proibição do hijab nos Jogos Olímpicos “é uma clara violação dos nossos direitos e liberdades fundamentais… Eu acho que vai ser um momento vergonhoso para a França”.

O relatório de 32 páginas que, segundo o órgão, dá prioridade às vozes das jogadoras e atletas muçulmanas e de outras defensoras dos direitos humanos antirracistas e feministas que lutam com elas para anular as proibições da França, pode ser consultado na íntegra no link.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano