Um estudo realizado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Geema), ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apontou que, nas dez candidatos à vereança que se declararam como racializados não tiveram a autodeclaração confirmada.
Para realizar a pesquisa, o Geema realizou uma banca de heteroclassificação racial com cinco pesquisadores, dos quais três eram negros e dois brancos.
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Foram consideradas as fotos de urnas de cada candidato, selecionados a partir da divisão racial adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera amarelos, brancos, indígenas, pardos e pretos.
O grupo avaliou 4,2 mil candidatos sorteados entre as 176,6 mil candidaturas autodeclaradas como negros, pardos e indígenas, registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo o coordenador do grupo de estudos, Luiz Augusto Campos, a utilização de fotos como método de classificação representou uma limitação de 5% na maior amostragem, com mais de quatro mil pessoas.
Resultados
De acordo com o levantamento, do total de candidaturas autodeclaradas como PPIs (pretos, pardos e indígenas) analisadas pela pesquisa, cerca de 38% foram classificados como brancos ou amarelos por, ao menos, três dos pesquisadores.
As maiores taxas de divergência entre a declaração racial e a avaliação da banca foi identificada nos partidos Renovação Democrática (PRD), Democrático Trabalhista (PDT), Liberal (PL), e União Brasil. As legendas com menores índices de discrepância foram o Avante e o Solidariedade.
Já o Partido dos Trabalhadores (PT), Podemos, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e o Partido Social Democrático (PSD), apresentaram um percentual dentro da média.
A pesquisa também indicou uma diferença considerável entre as regiões brasileiras. A maioria dos casos foram registrados no Sul, com 48% dos candidatos autodeclarados PPI classificados como brancos pelos pesquisadores.
O Sudeste foi a região com a menor diferença, de 34%. Ainda sim, a porcentagem foi considerada elevada pelos especialistas.
Texto com informações da Folha de São Paulo.