A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, criticou tentativas de “descredibilizar vítimas de assédio sexual e minimizar suas dores”, em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (24). O posicionamento ocorreu um dia após o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, dar entrevista na qual classificou as denúncias contra ele como “fofocas da política” e afirmou que Anielle “se perdeu no personagem”.
“A tentativa de descredibilizar vítimas de assédio sexual, minimizar suas dores e transformar relatos graves em ‘fofocas’ e ‘brigas políticas’ é inaceitável”, afirmou a ministra.
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Silvio Almeida foi exonerado do governo em setembro de 2024, após a divulgação de acusações de assédio e importunação sexual feitas à ONG Me Too Brasil, que incluem relatos de Anielle Franco.
Em sua declaração, a ministra destacou que, na véspera de ser ouvido pela Polícia Federal (PF), o ex-ministro optou por se manifestar publicamente para “atacar e desqualificar as denúncias”, o que, segundo ela, “perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas”.
“O direito à defesa é assegurado, mas não pode ser usado como instrumento de desinformação e revitimização. Insinuar retaliações contra quem denuncia é uma estratégia repulsiva que reforça estruturas de silenciamento e impunidade”, afirmou Anielle Franco.
A ministra também ressaltou sua confiança na PF, responsável pelo inquérito, e reafirmou o compromisso com a defesa das vítimas e o combate à violência de gênero e raça.
STF mantém investigação aberta
Na última semana, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prorrogação por 60 dias do inquérito que investiga Silvio Almeida por importunação sexual. A decisão atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF), que ainda não concluiu as investigações.
O caso segue sob sigilo, e uma das principais pendências é o depoimento do próprio Silvio Almeida, que ainda não foi ouvido. Ele deve ser um dos últimos a prestar esclarecimentos antes da conclusão da investigação.
A ministra Anielle Franco já prestou depoimento em outubro de 2024 e a Polícia Federal segue reunindo elementos para finalizar o inquérito.